São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 2005

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PERFIL

Renilda se isola e chora ao falar do depoimento à CPI

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

Apesar de ser sócia da SMPB Comunicação, maior agência de publicidade de Minas Gerais, Renilda Maria Santiago Fernandes de Souza -mulher de Marcos Valério- não comparecia a reuniões de trabalho, eventos e nem mesmo confraternizações de final de ano.
Desde que surgiu no noticiário como a principal sócia do publicitário na SMPB, apontado como operador do suposto "mensalão", Renilda se mantém reclusa na casa deles em Brumadinho (a 35 quilômetros de Belo Horizonte).
Ela deixou de preparar os jantares para os amigos do casal e acompanha de longe as obras da casa na rua Castelo de Feira, em BH. "Aqui dona Renilda não vem mais", disse o vigia para a Folha.
Também deixou de ir a São Paulo, onde comprava roupas e sapatos. E não é mais vista pelas vendedoras da M Guia, grife mineira de Érica Mares Guia, filha do ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia. Nos últimos três anos ela gastou na loja cerca de R$ 100 mil, segundo transferências da conta de Renilda para Érica encontradas pela CPI dos Correios.
Ontem, Renilda saiu de casa e passou o dia com os advogados, se preparando para o depoimento hoje na CPI.
Nos dois únicos telefonemas da Folha que atendeu, na semana passada, Renilda falou sobre os problemas com o casamento após as denúncias do suposto "mensalão". "A minha família acabou, e daí? O que é que você tem a ver com isso?", disse. No último telefonema, anteontem, Renilda estava com a voz embargada e chorou ao ser perguntada se contribuiria com a CPI. "Eu vou à CPI, sim. Me desculpa, mas não posso falar mais nada."
Renilda aparece como sócia do publicitário Marcos Valério nas empresas SMPB Comunicação (R$ 333,3 mil em ações), Graffiti Participações (R$ 300 mil) e JVN Participação (R$ 10 mil).
A secretária Fernanda Karina Somaggio disse à Folha que, no período em que trabalhou na agência (de maio de 2003 a janeiro de 2004), a mulher do publicitário não comparecia a reuniões. Quando a empresa precisava de sua assinatura em documentos, a diretora financeira Simone Vasconcelos mandava um emissário à casa de Renilda.
Os funcionários também não a conheciam. "Ela [Renilda] era totalmente afastada dos negócios, não sabia nem para onde ele [Valério] viajava", disse Karina. "No Natal [de 2003] ganhei um presente que ela mandou. Não veio entregar pessoalmente. Era o jeito dela."
Na agenda da secretária consta apenas uma viagem de Renilda, Valério e os filhos de 4 e 14 anos, com despesas pagas pela agência. Também era da agência SMPB que saíam os pagamentos para despesas da casa e compras de cestas básicas para os funcionários de Renilda. (KÁTIA BRASIL)


Colaborou FÁBIO VICTOR, enviado especial a Belo Horizonte


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