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Serraglio diz que lista do Rural prova "mensalão"
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relator da CPI dos Correios,
deputado Osmar Serraglio
(PMDB-PR), afirmou ontem que
a lista de pessoas autorizadas a receber o dinheiro sacado das contas do publicitário Marcos Valério
Fernandes de Souza é "pólvora
pura", porque comprovaria a
existência do "mensalão". O material está no STF (Supremo Tribunal Federal) e deve chegar hoje
à tarde à comissão.
Esses documentos foram
apreendidos pela Polícia Federal
no Banco Rural em Minas Gerais
e faziam parte de um inquérito da
4ª Vara da Justiça Federal de Minas Gerais. Como na lista de beneficiados aparecem parlamentares,
o processo foi enviado ao STF.
"A documentação é pólvora pura até agora", disse Serraglio.
Questionado se a lista seria uma
prova do "mensalão", ele respondeu que sim. "Passando pela perícia da Polícia Federal, é prova material, não precisa nem de muita
conversa."
Ainda de acordo com o relator,
"prossegue se confirmando a versão dada pelo deputado Roberto
Jefferson [PTB-RJ] em relação ao
propinoduto de Marcos Valério".
O presidente licenciado do PTB
afirmou que o então tesoureiro do
PT Delúbio Soares pagava uma
mesada de R$ 30 mil a deputados
para que eles votassem com o governo. Segundo Jefferson, Valério
seria o operador desse esquema.
Do material que está no STF
constariam as pessoas autorizadas por Delúbio a receber recursos repassados, na maioria das vezes, pela diretora financeira da
SMPB, Simone Vasconcelos. Haveria ainda um outro tipo de lista,
a de políticos pagos com autorização direta de Valério.
Os parlamentares esperam que
a mulher do publicitário, Renilda
Santiago, dê hoje informações à
CPI a respeito da origem e do destino desses recursos. A suspeita é
de que as empresas lavavam doações de campanha para o PT e políticos deste e de outros partidos.
Deputados e senadores defendem que o depoimento de Renilda seja fechado, embora não sustentem isso abertamente. O temor
é que as revelações da mulher de
Valério atinjam tanto a base aliada quanto a oposição.
Serraglio não acredita que isso
prospere. "Essa decisão tem que
ser aprovada em votação nominal
e pelo que eu conheço do plenário
acho difícil", afirmou ele.
Essa hipótese nem foi cogitada
nos depoimentos de Delúbio e do
ex-secretário-geral do PT Silvio
Pereira, na semana passada. O senador Romeu Tuma (PFL-SP) deve pedir à CPI que requeira ao Ministério Público a prisão preventiva dos dois. O fundamento seria
que eles teriam dificultado os trabalhos da CPI por mentirem.
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