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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT NO DIVÃ
Tarso Genro tenta se dissociar da tendência que dominava as ações petistas e prega necessidade de recompor com a esquerda
Presidente do PT diz que ala majoritária do partido acabou
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Numa clara tentativa de se dissociar da tendência que controla o
partido, o presidente do PT, Tarso
Genro, decretou ontem o fim do
Campo Majoritário. Tarso -que
consulta as demais forças políticas sobre sua candidatura à presidência do partido- conta que,
no sábado, quando oficialmente
convidado pelo Campo, disse que
não aceitaria concorrer apenas
em nome da ala mas pela "composição de uma nova maioria".
"O Campo Majoritário anterior
está dissolvido", sentenciou, rindo quando questionado sobre os
motivos: "Precisa perguntar? Em
função dos acontecimentos, da
fragmentação de opiniões e da
apuração de responsabilidades.
[...] Minha ligação é com a recomposição de uma nova maioria."
Desde que sondado para a disputa, Tarso procura representantes da esquerda do PT. De um deles, ouviu que sua chapa estava
"pesada" demais.
A lista inclui nomes expostos na
crise política, como o do deputado estadual José Nobre Guimarães, cujo assessor foi flagrado
com R$ 437 mil, o deputado José
Mentor (PT-SP) e o presidente do
PT do DF, Vilmar Lacerda, que
aparecem como beneficiários de
dinheiro saído das contas das empresas de Marcos Valério.
Disposto a mostrar sua diferença, Tarso chega a ironizar os métodos da antiga direção ao afirmar
que, embora já tenha se manifestado favorável à idéia, não iria
mais defender o adiamento das
eleições internas, o PDE. "Serei
um mediador. Tenho que respeitar a opinião da minoria. Uma nova moda no partido."
Esquerda e centro do PT rejeitam a idéia de adiamento da eleição, programada para o dia 18 de
setembro.
Candidato da Articulação de Esquerda e vice-presidente do PT,
Valter Pomar vê uma estratégia
de marketing no discurso de Tarso. Segundo Pomar, Tarso cita refundação -expressão cara à esquerda por se referir ao partido
comunista italiano-, mas "não
tem condições de capitanear um
processo de renovação do PT".
"Ele é pai da ideologia de centro-esquerda. Nunca será candidato da esquerda", disse Pomar,
afirmando que desencorajou Tarso numa reunião, há dez dias.
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