São Paulo, terça-feira, 26 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ PT NO DIVÃ

Tarso Genro tenta se dissociar da tendência que dominava as ações petistas e prega necessidade de recompor com a esquerda

Presidente do PT diz que ala majoritária do partido acabou

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Numa clara tentativa de se dissociar da tendência que controla o partido, o presidente do PT, Tarso Genro, decretou ontem o fim do Campo Majoritário. Tarso -que consulta as demais forças políticas sobre sua candidatura à presidência do partido- conta que, no sábado, quando oficialmente convidado pelo Campo, disse que não aceitaria concorrer apenas em nome da ala mas pela "composição de uma nova maioria".
"O Campo Majoritário anterior está dissolvido", sentenciou, rindo quando questionado sobre os motivos: "Precisa perguntar? Em função dos acontecimentos, da fragmentação de opiniões e da apuração de responsabilidades. [...] Minha ligação é com a recomposição de uma nova maioria."
Desde que sondado para a disputa, Tarso procura representantes da esquerda do PT. De um deles, ouviu que sua chapa estava "pesada" demais.
A lista inclui nomes expostos na crise política, como o do deputado estadual José Nobre Guimarães, cujo assessor foi flagrado com R$ 437 mil, o deputado José Mentor (PT-SP) e o presidente do PT do DF, Vilmar Lacerda, que aparecem como beneficiários de dinheiro saído das contas das empresas de Marcos Valério.
Disposto a mostrar sua diferença, Tarso chega a ironizar os métodos da antiga direção ao afirmar que, embora já tenha se manifestado favorável à idéia, não iria mais defender o adiamento das eleições internas, o PDE. "Serei um mediador. Tenho que respeitar a opinião da minoria. Uma nova moda no partido."
Esquerda e centro do PT rejeitam a idéia de adiamento da eleição, programada para o dia 18 de setembro.
Candidato da Articulação de Esquerda e vice-presidente do PT, Valter Pomar vê uma estratégia de marketing no discurso de Tarso. Segundo Pomar, Tarso cita refundação -expressão cara à esquerda por se referir ao partido comunista italiano-, mas "não tem condições de capitanear um processo de renovação do PT".
"Ele é pai da ideologia de centro-esquerda. Nunca será candidato da esquerda", disse Pomar, afirmando que desencorajou Tarso numa reunião, há dez dias.


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