São Paulo, quarta-feira, 26 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

CPI cita ex-ministro de Lula em lista de 116 sanguessugas

Donos da Planam dizem que Saraiva Felipe (PMDB) sabia que ex-servidora era lobista

Relação de envolvidos em esquema tem 87 deputados federais e três senadores, número que representa 15% do Congresso Nacional

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Sanguessugas divulgou ontem um número de 116 congressistas e ex-congressistas investigados por suposto envolvimento com a máfia da venda de ambulâncias superfaturadas. Entre eles está o deputado e ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe (PMDB-MG).
Felipe terá que explicar à comissão a sua relação com a ex-servidora do ministério Maria da Penha Lino, apontada como o braço da quadrilha no Executivo. Na lista dos 116 investigados, os que atualmente possuem mandato somam 87 deputados federais e três senadores, o que representa 15% do Congresso Nacional.
A CPI chegou aos 90 congressistas investigados por meio de duas triagens: 1) 57 são alvos de inquéritos comandados pelo Supremo Tribunal Federal, sendo que seus nomes já eram conhecidos; 2) Os outros 33, que tiveram os nomes revelados ontem, surgiram nos depoimentos à Justiça de Luiz Antonio Trevisan Vedoin e de seu pai, Darci Vedoin, da Planam, empresa que chefiaria a máfia ao superfaturar a venda de ambulâncias a prefeituras.
Entre os "novos" nomes estão os dos senadores Magno Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT), e do deputado Paulo Magalhães (PFL-BA), sobrinho do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
A CPI divulgou a identidade dos 90 congressistas, mas não revelou quem são os 26 ex-deputados e ex-senadores que foram citados pelos Vedoin nos depoimentos à Justiça.
Entre os investigados que possuem mandato, os cinco partidos mais envolvidos no escândalo do mensalão são maioria -73%. O PL e o PP têm, cada um, 18 filiados envolvidos. O PTB tem 17, o PMDB, 11, e o PT, dois. Na oposição, o PFL tem nove filiados entre os investigados; o PSDB tem quatro.
Em relação às bancadas estaduais, o Rio lidera com 15 citados, um terço do total de deputados federais do Estado. Outro fator relevante é o envolvimento de mais de dez deputados da bancada evangélica.

Saraiva
O ex-ministro Saraiva Felipe foi incluído entre os alvos da CPI em tensa reunião fechada realizada ontem. O relator, senador Amir Lando (PMDB-RO), foi contrário à inclusão. Na próxima terça, haverá o depoimento de Luiz Vedoin. Após o depoimento, os membros da comissão não descartam convocar o ex-ministro Humberto Costa (PT), antecessor de Saraiva, que foi o ministro de julho de 2005 a março deste ano.
Sob o comando do peemedebista estava Maria da Penha Lino, presa e exonerada da função em maio, quando a Polícia Federal estourou o esquema.
Segundo os depoimentos dos empresários, Saraiva era amigo de Maria da Penha e saberia que ela funcionaria como lobista da empresa no ministério. "Eles [Vedoin] falaram que ele [Saraiva] teria ajudado a Maria da Penha a liberar grana extra", disse o deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), da CPI.
Saraiva disse que ao contratar Maria da Penha atendeu a pedido da bancada do PMDB na Câmara e do deputado José Divino (PRB-RJ). O ex-ministro nega participação em irregularidade (leia texto ao lado).
Já contra Humberto Costa também pesam acusações dos Vedoin. Eles afirmam que o petista, que comandou a pasta da Saúde entre janeiro de 2003 e julho de 2005, facilitou a liberação de verbas para a quadrilha por meio da intermediação de José Airton Cirilo, candidato do PT derrotado ao governo do Ceará em 2002, e atualmente candidato a deputado federal. Os dois negam.
Entre os nomes revelados ontem, havia um membro da CPI, o deputado Marcondes Gadelha (PSB-PB). Ele nega participação, mas pediu desligamento da CPI. (RANIER BRAGON, LETICIA SANDER E ADRIANO CEOLIN)


Texto Anterior: Painel
Próximo Texto: Ex-ministro diz que nunca viu empresário
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.