|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CPI cita ex-ministro de Lula em lista de 116 sanguessugas
Donos da Planam dizem que Saraiva Felipe (PMDB) sabia que ex-servidora era lobista
Relação de envolvidos em esquema tem 87 deputados federais e três senadores, número que representa 15%
do Congresso Nacional
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI dos Sanguessugas divulgou ontem um número de
116 congressistas e ex-congressistas investigados por suposto
envolvimento com a máfia da
venda de ambulâncias superfaturadas. Entre eles está o deputado e ex-ministro da Saúde Saraiva Felipe (PMDB-MG).
Felipe terá que explicar à comissão a sua relação com a ex-servidora do ministério Maria
da Penha Lino, apontada como
o braço da quadrilha no Executivo. Na lista dos 116 investigados, os que atualmente possuem mandato somam 87 deputados federais e três senadores, o que representa 15% do
Congresso Nacional.
A CPI chegou aos 90 congressistas investigados por
meio de duas triagens: 1) 57 são
alvos de inquéritos comandados pelo Supremo Tribunal Federal, sendo que seus nomes já
eram conhecidos; 2) Os outros
33, que tiveram os nomes revelados ontem, surgiram nos depoimentos à Justiça de Luiz
Antonio Trevisan Vedoin e de
seu pai, Darci Vedoin, da Planam, empresa que chefiaria a
máfia ao superfaturar a venda
de ambulâncias a prefeituras.
Entre os "novos" nomes estão os dos senadores Magno
Malta (PL-ES) e Serys Slhessarenko (PT-MT), e do deputado
Paulo Magalhães (PFL-BA), sobrinho do senador Antonio
Carlos Magalhães (PFL-BA).
A CPI divulgou a identidade
dos 90 congressistas, mas não
revelou quem são os 26 ex-deputados e ex-senadores que foram citados pelos Vedoin nos
depoimentos à Justiça.
Entre os investigados que
possuem mandato, os cinco
partidos mais envolvidos no escândalo do mensalão são maioria -73%. O PL e o PP têm, cada
um, 18 filiados envolvidos. O
PTB tem 17, o PMDB, 11, e o PT,
dois. Na oposição, o PFL tem
nove filiados entre os investigados; o PSDB tem quatro.
Em relação às bancadas estaduais, o Rio lidera com 15 citados, um terço do total de deputados federais do Estado. Outro
fator relevante é o envolvimento de mais de dez deputados da
bancada evangélica.
Saraiva
O ex-ministro Saraiva Felipe
foi incluído entre os alvos da
CPI em tensa reunião fechada
realizada ontem. O relator, senador Amir Lando (PMDB-RO), foi contrário à inclusão.
Na próxima terça, haverá o depoimento de Luiz Vedoin. Após
o depoimento, os membros da
comissão não descartam convocar o ex-ministro Humberto
Costa (PT), antecessor de Saraiva, que foi o ministro de julho de 2005 a março deste ano.
Sob o comando do peemedebista estava Maria da Penha Lino, presa e exonerada da função em maio, quando a Polícia
Federal estourou o esquema.
Segundo os depoimentos dos
empresários, Saraiva era amigo
de Maria da Penha e saberia
que ela funcionaria como lobista da empresa no ministério.
"Eles [Vedoin] falaram que ele
[Saraiva] teria ajudado a Maria
da Penha a liberar grana extra",
disse o deputado José Carlos
Aleluia (PFL-BA), da CPI.
Saraiva disse que ao contratar Maria da Penha atendeu a
pedido da bancada do PMDB
na Câmara e do deputado José
Divino (PRB-RJ). O ex-ministro nega participação em irregularidade (leia texto ao lado).
Já contra Humberto Costa
também pesam acusações dos
Vedoin. Eles afirmam que o petista, que comandou a pasta da
Saúde entre janeiro de 2003 e
julho de 2005, facilitou a liberação de verbas para a quadrilha por meio da intermediação
de José Airton Cirilo, candidato do PT derrotado ao governo
do Ceará em 2002, e atualmente candidato a deputado federal. Os dois negam.
Entre os nomes revelados
ontem, havia um membro da
CPI, o deputado Marcondes
Gadelha (PSB-PB). Ele nega
participação, mas pediu desligamento da CPI.
(RANIER BRAGON, LETICIA SANDER E ADRIANO CEOLIN)
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Ex-ministro diz que nunca viu empresário Índice
|