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TELEFONIA
Portugueses e italianos têm interesse na CRT
Grupos disputam
empresa gaúcha
ELVIRA LOBATO
da Sucursal do Rio
Os grupos Telecom Italia e Portugal Telecom iniciaram uma feroz disputa pela empresa de telefonia fixa gaúcha CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações), atualmente sob controle da Telefónica de España.
Por imposição da legislação
brasileira, os espanhóis terão que
vender sua participação na CRT,
pois compraram a Telesp no leilão da Telebrás e não podem acumular mais de uma concessão para serviço de telefonia fixa no país.
A Portugal Telecom é sócia dos
espanhóis na CRT e na Telesp fixa. Há três semanas, ela fez uma
consulta formal à Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações)
para saber se poderia comprar as
ações dos espanhóis na empresa
gaúcha e vender as suas na Telesp
para a Telefónica.
A Tele Centro Sul, operadora de
telefonia fixa do Paraná, Santa
Catarina e região Centro-Oeste,
também já comunicou à Anatel
seu interesse pela compra da
CRT. Por trás da Tele Centro Sul
está a Telecom Italia, um dos
maiores grupos de telecomunicação da Europa e sua principal
acionista.
Desconfiada de que o troca-troca de ações entre portugueses e
espanhóis seria apenas uma forma de burlar a legislação brasileira, a Tele Centro Sul entrou com
pedido de inquérito administrativo na Anatel para que sejam investigadas as relações, no exterior, entre Telefónica de España e
Portugal Telecom.
No documento, a empresa pede
que a Anatel impeça qualquer alteração no quadro societário da
CRT, até que o processo administrativo seja concluído ""em todas
as instâncias".
O pedido de investigação é uma
tentativa dos italianos de impedir
que os espanhóis transfiram suas
ações à Portugal Telecom e continuem controlando a CRT indiretamente, mediante acordos no exterior.
Em carta à Anatel, o presidente
da Tele Centro Sul, Henrique Neves, disse que a legislação impõe
limites de participação no mercado e que não se pode permitir que
grupos econômicos promovam a
concentração ""à sombra de acordos e associações no exterior",
não identificados por processos
de averiguação de controle no
Brasil.
Vínculos
A Tele Brasil Sul, que tem 86%
do capital da CRT, é formada pela
Telefónica Internacional (52,9%),
Portugal Telecom (23%), Teleparbs (6,34%), Banco Bilbao Viscaya (7%), Iberdrola (7%), Telefónica Argentina (1,12%) e CTC,
do Chile (2,61%).
Com exceção da Teleparbs, que
pertence ao grupo gaúcho RBS
(família Sirotsky), todas as demais têm vínculos com a Telefónica no exterior, diz o documento
enviado à Anatel.
O Bilbao Vizcaya é o maior
acionista da Telefónica, que, por
sua vez, controla a Telefónica Argentina e a CTC chilena. A Iberdrola é parceira internacional da
Telefónica.
A Portugal Telecom e a Telefónica atuam juntas na América Latina e são sócias entre si. O dossiê
enviado à Anatel diz que há indícios de que a Telefónica Internacional detém 35% do capital da
Portelcom, subsidiária internacional da Portugal Telecom que
atua no Brasil.
O Plano Geral de Outorgas (decreto 2.534/98), que norteou a privatização da Telebrás, estabeleceu
que, se uma empresa de telefonia
fixa comprasse uma das teles fixas
no leilão, teria que se desfazer da
concessão anterior no prazo máximo de 18 meses.
A Tele Brasil Sul comprou a Telesp e terá que se desfazer da CRT
fixa até 4 de fevereiro.
O controle da CRT só pode ser
transferido para a Tele Centro Sul,
para que que sejam unificadas as
áreas de concessão definidas no
Plano Geral de Outorgas.
A Portugal Telecom sustenta o
pedido de compra das ações em
poder da Telefónica com o argumento de que ela já é acionista da
empresa e que, portanto, não haverá mudança de controle. A
mesma argumentação é usada
para a Telesp fixa.
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