São Paulo, Segunda-feira, 26 de Julho de 1999
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SOB SUSPEITA
Ovídio de Ângelis é acusado de favorecer seu Estado, Goiás
Secretário vai ao Congresso para negociar depoimento

da Sucursal de Brasília

O novo secretário de Políticas Urbanas, Ovídio de Ângelis (PMDB), vai hoje ao Congresso para definir se irá depor para apresentar explicações sobre suposto favorecimento de Goiás na liberação de verbas federais.
Ele se reúne com o presidente da comissão especial de recesso do Congresso, senador Geraldo Mello (PSDB-RN). Líderes do governo na Câmara e no Senado também participarão.
Ovídio é acusado de liberar volume desproporcional de recursos a seu Estado, Goiás, quando era titular da extinta Secretaria de Políticas Regionais.
Nos últimos dias em que ocupou o cargo, ele liberou R$ 32,2 milhões para Goiás, cifra que corresponde a 63% de todas as verbas liberadas em julho.
O Palácio do Planalto anunciou que o presidente Fernando Henrique Cardoso pretende conversar com Ovídio antes de decidir o que fará a respeito da denúncia. Na defesa de Ovídio, lideranças do PMDB estão sustentando em reserva que há exagero no caso, pois a acusação não é de corrupção.
Pela tese peemedebista, não haveria nenhuma ilegalidade em favorecer determinado Estado -e um levantamento minucioso apontaria práticas idênticas em todos os ministérios.
As lideranças do PMDB sustentam que não houve uso político do cargo porque as verbas beneficiaram um Estado governado por outro partido. O governador de Goiás é Marconi Perillo, do PSDB.
Para os peemedebistas, o governo deveria divulgar uma orientação sobre as liberações de verbas dos ministérios.
Como isso não existe hoje, cada ministro faz as liberações de acordo com a sua consciência. Após a divulgação, o governo poderia exigir um comportamento padrão dos ministros.
Os dados sobre o suposto favorecimento a Goiás constam do Siafi (sistema que registra os gastos do governo) e foram divulgados pelo deputado Geraldo Magela (PT-DF).
O próprio deputado fez o pedido de convocação do ministro para depoimento no Congresso.
Segundo esses dados, a liberação de recursos cresceu durante as discussões sobre a reforma ministerial, quando era grande a chance de saída de Ovídio
De janeiro a maio, o empenho dos recursos foi de cerca de R$ 3,3 milhões. Em junho, a liberação foi em torno de R$ 9 milhões, saltando em julho, véspera de o ministro deixar o cargo, para R$ 49,6 milhões. Ovídio acabou sendo transferido para a Secretaria de Políticas Urbanas.


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