São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 2002

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CAMPANHA

Máquina do governador pefelista Siqueira Campos deixa no escuro ruas por onde passava carreata de Lula em Palmas

Clã do Tocantins inventa 'apagão eleitoral'

Juca Varella/Folha Imagem
O candidato do PT ao deixar o palanque após comício em Palmas, no Tocantins, no sábado à noite


XICO SÁ
ENVIADO ESPECIAL A PALMAS

A máquina do governo do Tocantins inaugurou na noite de anteontem o "apagão eleitoral", deixando no escuro várias ruas por onde passava a carreata do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, nas ruas de Palmas, a capital do Estado.
O "fenômeno", como definiram os petistas, foi verificado em pelo menos quatro trechos no percurso de cerca de 31 km entre o aeroporto, início da carreata, e o centro da cidade, onde foi realizado um comício às 21h.
A programação de campanha, a maior da oposição até aquele momento, havia sido preparada pelo candidato do PMDB ao governo estadual, Freire Júnior, que apóia o petista e é o principal adversário político da família do governador Siqueira Campos (PFL), defensora da candidatura de Marcelo Miranda (PFL).
O clã do governador, que teve a idéia da criação do Estado (desmembrado de Goiás graças à Constituinte de 1988) e manda no Tocantins, enfrenta pela primeira vez a união de todos os partidos adversários. Em eleições anteriores, a oposição não conseguiu emplacar um candidato único, caso do peemedebista agora.
O PT apresentou também um candidato, Valdenor Lisboa, mas explicitamente "laranja", apenas para ocupar o programa eleitoral gratuito no rádio e TV e pedir votos para Lula. No sábado, dia da visita do presidenciável, por exemplo, a agenda oficial do comitê de Lisboa não previa nenhuma atividade de campanha.
A família Siqueira Campos apóia oficialmente o candidato do PSDB ao Palácio do Planalto, José Serra, embora os seus aliados já tenham iniciado uma romaria ao palanque de Ciro Gomes (PPS).
A assessoria do governo estadual nega que a máquina administrativa tenha promovido o "apagão". Informa que as ruas já estavam às escuras antes do caravana do PT e do PMDB de Freire Júnior passassem.
Por precaução, os organizadores do comício de Lula alugaram um gerador de energia elétrica. Temiam que o mesmo ocorresse durante o evento que reuniu cerca de 10 mil pessoas, segundo cálculos da Polícia Militar.
No palanque, o petista, que na mesma semana havia falado, em Rio Branco (AC), que "o Lulinha não quer briga, o Lulinha é paz e amor", esqueceu o marketing da ternura ditado por Duda Mendonça e atacou duramente "a oligarquia" do Tocantins e o governo de Fernando Henrique Cardoso e o candidato Serra.

"Cara-pálida"
"Eu acabei de ver agora a propaganda de um candidato que diz que foi o melhor ministro da Saúde do mundo", iniciou o discurso, 40 minutos depois de ver o programa do horário eleitoral gratuito em um quarto de hotel em Palmas. "Só se ele foi ministro na Suécia", completou Lula.
Em um abandono à retórica cordial que tem empregado nos programas e entrevistas às emissoras de televisão, o petista agrediu: "Foi melhor ministro da Saúde para quem, cara-pálida?", atacou o tucano.
Somente em termos genéricos sobraram farpas para Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB), que estariam copiando o programa de TV da chapa PT-PL. "Agora todo mundo quer criar emprego, todo mundo apóia a agricultura, todo mundo tem projeto para a educação", disse, sem citar os adversários.
Aos banqueiros, com quem havia ensaiado afinidades eletivas na semana passada, também reservou críticas.


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