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DISPUTA JURÍDICA
Corregedor do TRE do Acre diz que defesa de petista foi cerceada
'Julgamento foi monstruoso'
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O juiz federal Pedro Francisco
da Silva, único integrante do
TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Acre que votou contra a
impugnação da candidatura do
governador Jorge Viana (PT),
afirmou ontem que o julgamento foi "monstruoso" por três
motivos: o tribunal aceitou um
tipo de ação indevida, negou o
direito de defesa e desconsiderou a falta de provas de uso da
propaganda de governo durante o período eleitoral.
Em entrevista na sede da Ajufe
(Associação Nacional dos Juízes
Federais), em Brasília, Silva disse que enviará à Corregedoria
do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e à Procuradoria Geral da
República, até o final da semana, um "dossiê" sobre o "indícios circunstanciais" ligando o
tribunal ao crime organizado.
Ele pretende ainda solicitar
que todos os juizes sigam seu
exemplo e abram seus sigilos
bancário, fiscal e telefônico.
O juiz foi o responsável pela
condenação do ex-deputado
Hildebrando Paschoal em 1999.
A Ajufe convocou a entrevista
para manifestar apoio ao juiz e
pedir mudanças na composição
dos TREs para impedir a influência excessiva da justiça estadual e interesses políticos.
Apesar de negar que esteja tomando uma posição política,
Silva lembrou que o ex-governador do Acre e opositor de
Viana, Flaviano Mello (PMDB),
está sendo processado por desvio de verbas.
Segundo o juiz, a ação de impugnação de registro de candidatura só deve ser utilizada depois de comprovada a inelegibilidade irreversível do candidato.
O processo adequado seria uma
ação de investigação policial
eleitoral. "O tribunal fechou os
olhos para essa distorção."
O direito de defesa do governador teria sido cerceado, conforme Silva, porque foram anexadas provas de uso político da
logomarca do governo sem que
a defesa fosse informada.
Esse tipo de propaganda é
proibida a partir de três meses
antes das eleições. Para ele, o relator teria errado porque não
ouviu, no prazo legal de cinco
dias, a outra parte do processo.
"Não há comprovação de que (a
marca do governo) está sendo
utilizada na campanha de reeleição", disse. Ele reconhece não
ter provas concretas de que algum juiz tem relações com o crime organizado.
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