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INTEGRAÇÃO SUL-AMERICANA
Presidente afirma que políticos têm "a boca muito grande e os ouvidos muito pequenos"
Alca não pode sufocar crescimento, diz Lula
JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A LIMA
Ao defender a integração dos
países da América do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
adotou um discurso duro em relação à Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e disse que
o acordo não pode se transformar
"num instrumento sufocador das
nossas possibilidades de crescimento". Ele classificou como "intolerável" o fato de nações desenvolvidas pregarem o livre comércio e fazerem protecionismo
"aberto e escancarado".
"Estou convencido de que,
quanto mais próximos estivermos, mais chances teremos de fazer grandes negociações, sobretudo de quebrar barreiras protecionistas através das negociações na
Organização Mundial do Comércio e não permitir que a Alca se
transforme num instrumento sufocador das nossas possibilidades
de crescimento", disse Lula, durante a abertura do 4º Fórum Empresarial Brasil-Peru, em Lima.
Mais tarde, em palestra na Universidade de San Marcos, a primeira a funcionar na América, o
presidente afirmou que "as reformas [tributária e previdenciária]
precisam ser feitas para que, daqui a 20, 30 anos, a gente tenha a
certeza de que o Brasil vai ter solidez fiscal para definir o seu modelo de desenvolvimento sem precisar que o FMI determine nosso
modelo de crescimento".
No local, ele disse que não vai
"faltar gente para bombardear"
tanto o acordo de livre comércio
entre o Mercosul e o Peru quanto
outros que forem firmados entre
os países da região. "Não faltarão
adversários para dizer que a Alca
é a solução dos nossos problemas.
A Alca será melhor para os países
da América do Sul se nós tivermos uma posição coesa."
Ele negou que o Brasil pretenda
buscar uma posição hegemônica
na região e disse que a intenção é
formar "parcerias". Falou para
que os peruanos não tenham medo dos que discorrem sobre um
"imperialismo brasileiro".
Para o presidente, "aquele que
achar que terá vantagem negociando sozinho com a parte rica
do mundo está enganado".
Na véspera da viagem de Lula, o
chanceler peruano, Allan Wagner, afirmara que a prioridade do
comércio de seu país era com os
EUA. Ao ser contestado pelos jornalistas sobre a prioridade da política externa peruana, o presidente Alejandro Toledo disse que a
aproximação com o Mercosul
não é "incompatível" com a relação que o Peru tem com os EUA,
seu principal sócio comercial.
O presidente brasileiro falou
ainda sobre o que chamou de "subordinação cultural, econômica e
até certa submissão política" dos
países latinos àqueles que têm
"potencial de investimento".
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