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São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003

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INTEGRAÇÃO SUL-AMERICANA

Presidente afirma que políticos têm "a boca muito grande e os ouvidos muito pequenos"

Alca não pode sufocar crescimento, diz Lula

JULIA DUAILIBI
ENVIADA ESPECIAL A LIMA

Ao defender a integração dos países da América do Sul, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou um discurso duro em relação à Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e disse que o acordo não pode se transformar "num instrumento sufocador das nossas possibilidades de crescimento". Ele classificou como "intolerável" o fato de nações desenvolvidas pregarem o livre comércio e fazerem protecionismo "aberto e escancarado".
"Estou convencido de que, quanto mais próximos estivermos, mais chances teremos de fazer grandes negociações, sobretudo de quebrar barreiras protecionistas através das negociações na Organização Mundial do Comércio e não permitir que a Alca se transforme num instrumento sufocador das nossas possibilidades de crescimento", disse Lula, durante a abertura do 4º Fórum Empresarial Brasil-Peru, em Lima.
Mais tarde, em palestra na Universidade de San Marcos, a primeira a funcionar na América, o presidente afirmou que "as reformas [tributária e previdenciária] precisam ser feitas para que, daqui a 20, 30 anos, a gente tenha a certeza de que o Brasil vai ter solidez fiscal para definir o seu modelo de desenvolvimento sem precisar que o FMI determine nosso modelo de crescimento".
No local, ele disse que não vai "faltar gente para bombardear" tanto o acordo de livre comércio entre o Mercosul e o Peru quanto outros que forem firmados entre os países da região. "Não faltarão adversários para dizer que a Alca é a solução dos nossos problemas. A Alca será melhor para os países da América do Sul se nós tivermos uma posição coesa."
Ele negou que o Brasil pretenda buscar uma posição hegemônica na região e disse que a intenção é formar "parcerias". Falou para que os peruanos não tenham medo dos que discorrem sobre um "imperialismo brasileiro".
Para o presidente, "aquele que achar que terá vantagem negociando sozinho com a parte rica do mundo está enganado".
Na véspera da viagem de Lula, o chanceler peruano, Allan Wagner, afirmara que a prioridade do comércio de seu país era com os EUA. Ao ser contestado pelos jornalistas sobre a prioridade da política externa peruana, o presidente Alejandro Toledo disse que a aproximação com o Mercosul não é "incompatível" com a relação que o Peru tem com os EUA, seu principal sócio comercial.
O presidente brasileiro falou ainda sobre o que chamou de "subordinação cultural, econômica e até certa submissão política" dos países latinos àqueles que têm "potencial de investimento".


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