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JUDICIÁRIO
Maria Aparecida Pellegrina, que teve ainda sigilos quebrados, é acusada de fraude em licitação para compra de móveis
Presidente do TRT tem bens bloqueados
LILIAN CHRISTOFOLETTI
RUBENS VALENTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Justiça Federal de São Paulo
determinou no último dia 13 o
bloqueio de bens e a quebra dos
sigilos bancário e telefônico da
presidente do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) de São Paulo,
Maria Aparecida Pellegrina, que
foi acusada pelo Ministério Público Federal de fraude em licitação
pública para compra de móveis
no valor de R$ 3,79 milhões.
Pellegrina, que será sucedida no
comando do tribunal no dia 15 do
próximo mês, afirma que a licitação seguiu os trâmites legais e que
a acusação é "injusta e inverídica". Em carta enviada a amigos, a
juíza declarou que irá rebater judicialmente todas as acusações
(leia texto à pág. A11).
Além de Pellegrina, a decisão da
juíza substituta da 21ª Vara Cível
Federal, Luciana da Costa Aguiar
Alves Henrique, atinge quatro
funcionários do TRT -Ivan
Freddi, Maria Elena Mota, Luciano Aires e Gilson de Souza- e
duas empresas de móveis, a Informov Ltda. e a Claumatt Indústria
e Comércio de Móveis, com seus
respectivos representantes (Plínio
Noronha e Donizetti Pontim).
A concorrência pública foi aberta para mobiliar o novo Fórum
Trabalhista de São Paulo, cuja
construção foi bastante tumultuada. Na época, o então presidente
do TRT paulista, Nicolau dos Santos Neto, foi acusado de desviar
R$ 196,5 milhões da obra -ele foi
condenado a oito anos de prisão.
Sob medida
Segundo o Ministério Público
Federal, que propôs a ação cível, a
licitação para a compra dos móveis para o novo fórum trabalhista foi "direcionada para favorecer
a empresa Informov Ltda., com
enriquecimento ilícito das partes
envolvidas no procedimento".
A fraude, segundo a Procuradoria, começou na elaboração do
edital de convocação das empresas concorrentes. Cláusulas teriam sido incluídas com o objetivo de limitar a participação e garantir a vitória da Informov.
Na sessão pública do dia 19 de
dezembro do ano passado, duas
das três empresas que se apresentaram para o certame foram inabilitadas. Restou apenas a Informov. O contrato com o TRT-SP
foi fechado no dia 15 de janeiro
deste ano por R$ 3.708.081,00.
A empresa vencedora, por não
ser fabricante de móveis, subcontratou a Claumatt.
Segundo a ação, a contratada
deixou de confeccionar e de instalar o mobiliário previsto em edital
e forneceu poltronas e cadeiras
com preços superfaturados.
Bloqueio
A juíza federal entendeu ser necessário o bloqueio de bens de todos para garantir o ressarcimento
de eventuais danos causados pelo
contrato -ela não fala de quanto
seria o prejuízo.
A indisponibilidade atinge
"imóveis, automóveis, aeronaves,
embarcações, participações societárias e aplicações financeiras",
ou seja, tudo o que estiver em nome dos citados.
"Isso porque presente o perigo
de que os réus, durante a tramitação do presente feito, venham a se
desfazer de seu patrimônio, em
prejuízo da reparação dos cofres
públicos, caso condenados", informou a juíza em sua decisão.
A quebra dos sigilos bancário e
telefônico desde agosto de 2003
poderá possibilitar, segundo a
magistrada, a análise de suposta
evolução patrimonial dos citados.
A determinação atinge ainda as
parcelas do contrato que não foram pagas à Informov. Todo pagamento deverá ser suspenso até
o julgamento do caso -a empresa informou que R$ 800 mil ainda
não foram quitados.
A decisão proferida no último
dia 13 de agosto tem caráter liminar, ou seja, é uma decisão provisória até o julgamento final do caso em primeira instância. Todos
os citados podem recorrer.
A juíza não aceitou pedido da
Procuradoria para afastar do cargo os funcionários públicos Freddi, Maria Elena e Aires, que são
membros da comissão permanente de licitação do tribunal.
De acordo com a magistrada, a
medida seria "precipitada", já que
não existe prova de tentativas de
obstrução do caso.
Pellegrina irá transmitir o comando do TRT paulista no próximo dia 15 para a juíza Dora Vaz
Treviño, que no último dia 4 venceu o candidato apoiado pela
atual presidente por apenas um
voto de diferença.
A mesma investigação sobre a
compra dos móveis gerou contra
Pellegrina ação criminal que corre
sob segredo de Justiça no STJ (Superior Tribunal de Justiça).
A atual presidente é ainda investigada por outros dois contratos.
Um garantiu a concessão, por 20
anos, da exploração comercial do
estacionamento do fórum a uma
empresa. O outro foi assinado
com uma empresa pertencente a
um dos diretores da Construtora
OAS -empreiteira responsável
pela conclusão do fórum-, para
manutenção da frota de carros.
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