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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Para candidatos, impostos já atingiram o teto político
Após carga tributária recorde, petistas e tucanos prometem desoneração fiscal
Lula editou, nos últimos meses, sucessivos pacotes de alívio tributário para diferentes setores; Alckmin
se gaba de reduções em SP
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Após dez anos de elevação
contínua, a carga tributária
brasileira deve se estabilizar
neste ano eleitoral. Num sinal
de que os impostos chegaram a
seu teto político, os principais
candidatos ao Planalto deixaram de lado promessas de aumento de gastos públicos que
marcaram a disputa de 2002.
Anteontem, a Receita Federal divulgou a carga de 2005, recorde de 37,4% da renda nacional. Às vésperas do Plano Real,
em 1993, União, Estados e municípios consumiam 25% do
PIB, mesmo patamar dos 20
anos anteriores.
Dados deste ano indicam que
a tributação federal parou de
crescer: nos 12 meses encerrados em junho, a arrecadação
administrada pelo Ministério
da Fazenda ficou em 17,7% do
PIB, proporção igual à de 2005.
O consenso de que é preciso
encerrar o ciclo de aumento da
carga passou a pautar tanto a
campanha eleitoral como as recentes políticas públicas.
Luiz Inácio Lula da Silva e
Geraldo Alckmin listam em
seus discursos medidas de desoneração fiscal. Lula editou,
nos últimos meses, sucessivos
pacotes de alívio tributário para diferentes setores, com os
quais pretende responder a
uma das principais bandeiras
de Alckmin, que se gaba de suas
rodadas de redução do ICMS.
Desde o ano passado, todos
os projetos de aumento de impostos têm sido rejeitados pelo
Congresso; entidades de classe
se articularam para defender
medidas de desoneração; a correção da tabela do Imposto de
Renda foi incorporada à pauta
de reivindicações das centrais
sindicais. Avança também a
avaliação de que é preciso conter os gastos sociais.
A escalada tributária está ligada ao controle da inflação,
que tirou do governo o poder de
se financiar emitindo moeda, e
à expansão de gastos sociais.
Também reflete o descumprimento de juras de austeridade e
reformas modernizadoras.
Fernando Henrique Cardoso
iniciou o processo ao transferir
para os contribuintes todo o esforço de seu programa de ajuste
fiscal. A partir de 1999, o governo passou a destinar parcelas
crescentes de sua arrecadação
ao pagamento da dívida pública, mas esse programa não significou cortes drásticos nos
gastos; o que aumentou foram
impostos e contribuições.
A equipe econômica de Lula
assumiu com um compromisso
público de cortar gastos e tributos, que não foi cumprido. O governo ainda se valeu de uma
miragem estatística para apontar uma queda da carga em
2003, decorrência de uma arrecadação atípica em 2002, quando fundos de pensão pagaram
R$ 18,5 bilhões em tributos
atrasados. Nos dois anos seguintes, os recordes forçaram
uma mudança de discurso: agora, o aumento da carga é atribuído ao combate à sonegação
e ao crescimento da economia.
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