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30% do Senado vê indício para cassar Renan
Foram ouvidos 67 parlamentares; 13 deles responderam que agravantes ainda são insuficientes para a perda do mandato
Em enquete feita pela Folha com as mesmas perguntas há dois meses, nenhum dos senadores afirmou haver elementos para a cassação
MARIA LUIZA RABELLO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Às vésperas da votação do
processo no Conselho de Ética,
pelo menos 24 dos 67 senadores (35,8%) ouvidos pela Folha
afirmaram que há indícios suficientes para cassar o mandato
do presidente do Senado, Renan Calheiros, por quebra do
decoro. Esse número representa 29,63% da casa.
A Folha ouviu 67 dos 81 senadores entre quinta e sexta,
depois da entrega da perícia da
Polícia Federal feita nos documentos de Renan. Desses, dez
disseram estar indecisos sobre
o caso e 13 defenderam que os
agravantes são insuficientes
para cassar o senador. Outros
20 se recusaram a responder
aos questionamentos.
Treze senadores não foram
localizados, sendo que três estavam em viagem ao exterior
-Mão Santa (PMDB-PI), Serys
Slhessarenko (PT-MT) e Edison Lobão (DEM-MA). Renan
Calheiros não foi procurado.
Os senadores foram ouvidos
com o compromisso de sigilo
das respostas. O argumento deles é que a divulgação de suas
posições poderia prejudicar o
futuro julgamento do caso no
plenário. Alguns se manifestaram abertamente. A votação
em plenário é secreta.
Três perguntas foram feitas
pela reportagem aos senadores: 1) o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL),
deveria se afastar do cargo durante o processo?; 2) já há elementos suficientes para a cassação do mandato dele?; 3) se
ele deixar o posto, quem deveria sucedê-lo?
Comparação
O resultado da sondagem
mostra que cresceu o número
de parlamentares que já têm
opinião formada sobre o caso.
Há dois meses, a Folha fez exatamente as mesmas perguntas
aos senadores. Na ocasião, foram ouvidos 70 senadores e nenhum dizia haver elementos
suficientes para cassar Renan.
O número de senadores que
se recusaram a responder e o
de indecisos também sugere
um cenário de intensas negociações nos bastidores pelo futuro político de Renan. A previsão é que o primeiro dos três processos que enfrenta seja votado no dia 30 no conselho. Ele
é acusado de ter despesas pagas
por um lobista ligado à construtora Mendes Júnior.
Ao longo dos últimos dois
meses, surgiram novas denúncias contra o presidente do Senado, como o suposto uso de
laranjas numa sociedade em
rádios de Alagoas, a suspeita de
que o senador atuou para beneficiar a cervejaria Schincariol e,
recentemente, empréstimos
não-declarados com uma locadora de veículos que tinha entre suas principais fontes de
renda a prestação de serviço a
órgãos públicos.
Sobre a primeira pergunta,
que questionava a permanência do alagoano na presidência
da Casa, 36 parlamentares
(53,7%) defenderam que Renan deveria se licenciar do cargo. Ao menos 15 já pediram publicamente sua saída do cargo.
"O grande erro foi ele ter permanecido no cargo, ele errou
muito na condução", disse Raimundo Colombo (DEM-SC).
Outros 13 senadores rechaçaram a idéia de Renan se afastar do posto agora. E 18 não se
pronunciaram. "As coisas já estão consumadas, acho que ele
deveria deixar a presidência
depois do julgamento, seria um
gesto de grandeza do ponto de
vista político", afirmou Gilvam
Borges (PMDB-AP), que é aliado do senador José Sarney
(PMDB-AP), principal conselheiro de Renan desde que o escândalo veio à tona.
"Não tem crise nenhuma, tudo resultou de um namorico
mal dado. As forças ocultas,
querem derrubá-lo", disse Paulo Duque (PMDB-RJ), suplente do governador Sérgio Cabral
(PMDB-RJ).
A maioria dos entrevistados
não quis responder à terceira
questão, que trata de um eventual sucessor de Renan. Ainda
assim, os nomes mais freqüentes foram o do senador Jarbas
Vasconcelos (PMDB-PE) e o
do primeiro-vice-presidente da
Casa, Tião Viana (PT-AC). Outros nomes lembrados foram o
do ex-presidente José Sarney
(PMDB-AP), antecessor de Renan, e o do ex-vice-presidente
Marco Maciel (DEM-PE).
Colaboraram SILVIO NAVARRO e FERNANDA
KRAKOVICS , da Sucursal de Brasília
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