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Processo de Renan pode ter 3 relatórios
Casagrande e Marisa Serrano querem cassar o senador, mas por razões diferentes; Almeida Lima vai pedir a absolvição
Os três relatores se reúnem na próxima terça-feira em um último esforço para apresentar um parecer único, o que dificilmente acontecerá
FERNANDA KRAKOVICS
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Na reta final do processo
contra Renan Calheiros
(PMDB-AL) no Conselho de
Ética, o presidente do Senado
vai enfrentar duas frentes para
respaldar o pedido de cassação
do mandato. Uma vai se concentrar no aspecto político, cujo ponto central é o uso de um
lobista para pagar suas despesas pessoais. A outra linha será
técnica, apontando inconsistências em seus negócios com
gado e na evolução patrimonial.
Há divergências de pontos-de-vista entre os senadores Renato Casagrande (PSB-ES) e
Marisa Serrano (PSDB-MS).
Isso pode acarretar na apresentação de dois relatórios, além
de um terceiro do senador Almeida Lima (PMDB-SE), que
pedirá a absolvição de Renan.
Os três relatores se reúnem
na terça-feira em um esforço
para apresentar um parecer
único, o que dificilmente ocorrerá. A possibilidade de haver
dois relatórios diferentes favorece Renan porque dilui os votos no conselho. Assim, Casagrande e Marisa tentarão fundir seus pareceres.
Para a senadora tucana, a
quebra de decoro parlamentar
é uma definição de cunho político, e não criminal. Seu argumento principal é que Renan
não poderia usar um lobista de
uma empreiteira privada para
intermediar pagamentos da
pensão alimentícia à jornalista
Mônica Veloso. "O presidente
do Senado tem o dever de dar o
bom exemplo. Ele precisa ser
diligente", afirmou Marisa.
Ela também pretende mirar
no fato de Renan não ter declarado no Imposto de Renda a
pensão alimentícia de R$ 12 mil
mensais. O presidente do Senado diz que optou pela discrição
por se tratar de relação extraconjugal. "Isso é contra a lei."
Integrante do Conselho de
Ética, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), concorda. "Não
há na legislação a previsão de
que, se você tiver razões de foro
íntimo, não precisa declarar
rendimentos no Imposto de
Renda", afirmou o petista.
Marisa pretende destacar
ainda trecho da perícia da Polícia Federal no qual a contabilidade rural de Renan é considerada "fictícia" devido à ausência de registros de despesas
com o custeio das fazendas. Para a PF, essa lacuna se reflete
em sua evolução patrimonial.
Em resumo, a senadora tucana recomendará a cassação amparada nas denúncias contra
Renan nos últimos três meses,
e não em fato específico.
Já Casagrande pedirá a perda
do mandato de Renan porque
vê provas cabais de que houve
crimes fiscais e financeiros. Ele
está convencido de que Renan
não tinha dinheiro suficiente
para arcar com a pensão alimentícia e recorreu a artifícios
contábeis para inflar seus rendimentos, seja com gado ou
com empréstimos nunca pagos.
"Nunca vamos ter um recibo da
empreiteira. Vamos dar a resposta indiretamente", afirmou.
Integrante da base de sustentação do governo, Casagrande
está cauteloso na redação de
seu relatório e procura se ater a
argumentos técnicos. O terceiro relator, Almeida Lima, aliado de Renan, pedirá absolvição.
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