São Paulo, quarta-feira, 26 de setembro de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Governador diz que todos os projetos serão mantidos

Sem verbas, Garotinho atrasa obras

ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO

As dificuldades para manter o ritmo de suas obras no Estado levaram o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB), a determinar que todos os setores de seu governo façam cortes nas despesas para economizar pelo menos R$ 25 milhões mensais.
A medida destina-se a compensar uma queda na arrecadação do ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
O atraso é visível em vários setores. O projeto Delegacia Legal, que pretende modernizar as delegacias, previa a entrega de 40 unidades até o fim de 2000. Até hoje só foram entregues 33, ao ritmo de uma delegacia por mês desde o início do projeto. Garotinho disse no início de setembro que a meta agora é atingir 80 das 120 delegacias do Estado até o fim do mandato. Se ele for deixar o governo em abril, terá oito meses para fazer mais 47 delegacias, uma média de 5,8 unidades mensais.
Outra prioridade de Garotinho era a habitação: 20 mil casas populares deveriam ter sido entregues até o final de 2000. Foram construídas 16 mil. O governo informa que outras 24 mil estão planejadas ou em andamento. O conjunto de Nova Sepetiba, apresentado como a maior obra social do governo, previa a entrega de 5.277 casas até dezembro passado. Só 2.800 foram entregues, e há previsão para 1.200 em outubro.
O sistema de crédito popular iniciado pelo governo em 2000, que pretendia atingir 5.000 financiamentos no primeiro ano, não atingiu as metas. O projeto, conhecido como Banco do Povo, alcançou até agora cerca de 1.000 operações. O governo tentará fazer 2.500 até o final deste ano.
O secretário estadual de Fazenda, Fernando Lopes, afirma que as obras em andamento serão finalizadas, mas que novos investimentos dificilmente terão recursos. Ele cita o Departamento Estadual de Estradas de Rodagem como principal alvo dos cortes. O órgão foi até agora o maior realizador de licitações do governo Garotinho -atingiu cerca de R$ 600 milhões até o mês passado.
"Não vamos armar uma bomba-relógio para quem vier a assumir o governo. Com os cortes, estamos garantindo o equilíbrio financeiro do Estado", diz Lopes.
O secretário não trabalha com a hipótese de o governador desistir da candidatura presidencial e acabar disputando a reeleição. Mas comenta: "Nesse caso, ainda mais, não iríamos prejudicar a nós mesmos [gastando sem ter"".
Garotinho tem renovado publicamente a promessa de deixar o governo em abril de 2002 para disputar a Presidência. No primeiro semestre, condicionava essa opção a alcançar em dezembro 15% das intenções de voto nas pesquisas. Agora, se declara satisfeito em estar próximo dos 10%. Na pesquisa Datafolha divulgada no domingo, ele tinha entre 9% e 11%, dependendo do cenário.
"Não vamos abdicar, em nenhum momento, de obras que são fundamentais e estratégicas. Todas serão mantidas", disse Garotinho ao inaugurar termelétrica no interior na semana passada.


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