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SUCESSÃO NO ESCURO
Governador diz que todos os projetos serão mantidos
Sem verbas, Garotinho atrasa obras
ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO
As dificuldades para manter o
ritmo de suas obras no Estado levaram o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (PSB),
a determinar que todos os setores
de seu governo façam cortes nas
despesas para economizar pelo
menos R$ 25 milhões mensais.
A medida destina-se a compensar uma queda na arrecadação do
ICMS (Imposto Sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços).
O atraso é visível em vários setores. O projeto Delegacia Legal,
que pretende modernizar as delegacias, previa a entrega de 40 unidades até o fim de 2000. Até hoje
só foram entregues 33, ao ritmo
de uma delegacia por mês desde o
início do projeto. Garotinho disse
no início de setembro que a meta
agora é atingir 80 das 120 delegacias do Estado até o fim do mandato. Se ele for deixar o governo
em abril, terá oito meses para fazer mais 47 delegacias, uma média de 5,8 unidades mensais.
Outra prioridade de Garotinho
era a habitação: 20 mil casas populares deveriam ter sido entregues até o final de 2000. Foram
construídas 16 mil. O governo informa que outras 24 mil estão planejadas ou em andamento. O
conjunto de Nova Sepetiba, apresentado como a maior obra social
do governo, previa a entrega de
5.277 casas até dezembro passado. Só 2.800 foram entregues, e há
previsão para 1.200 em outubro.
O sistema de crédito popular
iniciado pelo governo em 2000,
que pretendia atingir 5.000 financiamentos no primeiro ano, não
atingiu as metas. O projeto, conhecido como Banco do Povo, alcançou até agora cerca de 1.000
operações. O governo tentará fazer 2.500 até o final deste ano.
O secretário estadual de Fazenda, Fernando Lopes, afirma que
as obras em andamento serão finalizadas, mas que novos investimentos dificilmente terão recursos. Ele cita o Departamento Estadual de Estradas de Rodagem como principal alvo dos cortes. O
órgão foi até agora o maior realizador de licitações do governo
Garotinho -atingiu cerca de R$
600 milhões até o mês passado.
"Não vamos armar uma bomba-relógio para quem vier a assumir o governo. Com os cortes, estamos garantindo o equilíbrio financeiro do Estado", diz Lopes.
O secretário não trabalha com a
hipótese de o governador desistir
da candidatura presidencial e acabar disputando a reeleição. Mas
comenta: "Nesse caso, ainda
mais, não iríamos prejudicar a
nós mesmos [gastando sem ter"".
Garotinho tem renovado publicamente a promessa de deixar o
governo em abril de 2002 para
disputar a Presidência. No primeiro semestre, condicionava essa opção a alcançar em dezembro
15% das intenções de voto nas
pesquisas. Agora, se declara satisfeito em estar próximo dos 10%.
Na pesquisa Datafolha divulgada
no domingo, ele tinha entre 9% e
11%, dependendo do cenário.
"Não vamos abdicar, em nenhum momento, de obras que
são fundamentais e estratégicas.
Todas serão mantidas", disse Garotinho ao inaugurar termelétrica
no interior na semana passada.
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