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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
"Isso não é Cristo, isso é o demônio", diz FHC sobre comparação de Lula
Para Alckmin, presidente da República é "o Judas dessa história, porque traiu o povo brasileiro"
Em ato "Por Um Brasil Decente", ex-presidente critica até uso de palmas para Kofi Annan em horário eleitoral de petista na TV
Tuca Vieira/Folha Imagem
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Geraldo Alckmin fala durante jantar com representantes da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção |
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso afirmou ontem que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é Cristo, "é
o demônio". Minutos depois, o
presidenciável tucano Geraldo
Alckmin o chamou de "Judas".
As declarações foram em resposta à comparação que o petista fizera na véspera de sua situação à de Jesus Cristo, como
uma vítima de traição.
"Isso não é Cristo não, isso é
o demônio. E nós temos que expulsá-lo daqui", afirmou FHC
em evento num clube da capital
paulista, que teve público de
cerca de 3.000 pessoas.
Alckmin também foi enfático. Alegando que a afirmação
de Lula ofendeu o cristianismo,
o ex-governador de São Paulo
disparou: "Em uma ação cínica,
ele ainda se compara a Cristo. É
o Judas [Iscariotes, o apóstolo
que traiu Jesus] dessa história.
Traiu o povo brasileiro".
Segundo Alckmin, Lula
"ofende a nossa história quando se compara a Tiradentes".
"Tiradentes morreu porque
não traiu, porque não mentiu."
Logo no início de seu discurso, FHC disse que precisava se
conter para não dizer coisas
impublicáveis, mas que tinha
"coceira na língua" diante de
tanta bobagem. FHC disse que
Lula se comparou, "imodestamente" a Cristo. "Errou porque
Cristo nunca foi beijar Judas,
nunca foi chamar Judas de meu
companheiro. Ele amanhã ou
depois vai chamar de novo [os
petistas afastados]: "Ah, os meninos se exaltaram, eles são assim mesmo, exageram"."
Lembrando que, no governo,
permitiu que um advogado indicado pelo PT acompanhasse
as investigações sobre a morte
do prefeito de Santo André Celso Daniel, em 2002, FHC sugeriu que o PSDB designasse agora um advogado para apurar a
origem do dinheiro para compra de dossiês. FHC também
reagiu ao presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP),
segundo o qual haveria um golpe em marcha.
"Temos que acabar no voto
com essa tentação que está havendo no Brasil de achar que
tudo pode. Não pode não", disse, criticando até a inclusão de
aplausos da despedida do ex-secretário-geral da ONU no
programa de Lula. "Furtaram
os aplausos do Kofi Annan e
puseram na televisão, meu
Deus. Até onde nós vamos?"
O ex-presidente destacou
que a resposta a Lula deverá ser
dada pelas urnas, neste domingo. Outro que advogou a tese de
"impeachment pelo voto" foi o
senador Tasso Jereissati (CE),
presidente do PSDB.
"Estou torcendo para que o
impeachment do Lula seja
através do voto. Se não for, infelizmente, teremos um presidente sub judice, sob suspeitas.
Se a população não der um basta pelo voto, a coisa poderá ficar
grave", disse Jereissati.
Outro que aproveitou o evento "Por um Brasil Decente", na
capital paulista, para criticar o
petista foi Cesar Maia (PFL),
prefeito do Rio de Janeiro.
Segundo Maia, Lula foi "dedo-duro". Ele disse isso em alusão à declaração de Lula de que
o presidente do PT, Ricardo
Berzoini foi o responsável pela
seleção dos integrantes de sua
campanha envolvidos na compra do dossiê contra tucanos .
Também foram ao evento os
pefelistas Heráclito Fortes,
Jorge Bornhausen e Cláudio
Lembo e o candidato tucano ao
governo paulista, José Serra.
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