São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / OPERAÇÃO VAMPIRO

Ex-ministro é denunciado por corrupção

Procuradoria pede à Justiça que abra processo contra Humberto Costa, que comandou Saúde de 2003 a 2005, por máfia dos vampiros

Costa teria dado respaldo a membros da máfia; Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, é acusado de formação de quadrilha e corrupção ativa


LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério Público Federal denunciou ontem à Justiça o ex-ministro Humberto Costa (2003-2005), o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e mais 11 pessoas acusadas de envolvimento no esquema de fraudes para compra de medicamentos no Ministério da Saúde.
Costa é acusado de formação de quadrilha e corrupção passiva. Delúbio pode responder por formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro. Em 2004, a Justiça já acolhera denúncia contra 20 acusados.
Entre os denunciados estão o lobista Frederico Coelho Neto e Platão Fischer-Pühler, que até 2002 era diretor de Projetos Estratégicos do ministério.
Caberá ao juiz Ricardo Augusto Leite, da 10ª Vara Federal, aceitar ou não a denúncia.
Os lobistas envolvidos no caso são acusados de corromper servidores do ministério para ter vantagens nos contratos de compra de hemoderivados (remédios destinados a hemofílicos). As empresas combinavam preços, apresentavam pequenas diferenças nas cotações e dividiam lotes de medicamentos nas concorrências.
O esquema, segundo o Ministério Público, operava pelo menos desde 1998, ainda no governo FHC. "A diferença é que a investigação e as interceptações telefônicas começaram em 2003", disse o procurador Gustavo Pessanha.
Segundo Pessanha, as gravações de conversas telefônicas e os depoimentos colhidos pela PF apontam que Costa teria conhecimento do esquema de fraude no ministério e daria respaldo a servidores acusados. Entre eles estava Luiz Cláudio Gomes da Silva, então coordenador de Recursos Logísticos.
Em agosto, quando a PF indiciou Costa, o ex-ministro negou envolvimento e argumentou que fora ele quem pediu as investigações.
"Há elementos nos autos que indicam que ele fez isso relutando, após ser pressionado e porque não tinha outra alternativa. As coisas já estavam caminhando num ponto em que, se ele não fizesse, teria problemas", rebateu o procurador.
Já Delúbio seria um dos destinatários dos recursos desviados pelo esquema. Pessanha disse que ele receberia parte dos R$ 723 mil apreendidos pela PF na Operação Vampiro.
O Ministério Público solicitou ainda que a Justiça encaminhe ao procurador-geral da República pedido de apuração de suposta atuação do deputado José Janene (PP-PR) para cooptar congressistas. Em ligações gravadas pela PF, Janene busca ajuda de lobistas para supostamente atrair pelo menos dois deputados para o PP.


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