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Rodada Doha sai neste ano, diz presidente
Segundo Lula, "o mundo não pode esperar as eleições norte-americanas" para que se destravem as negociações do acordo comercial
Presidente diz achar que há um "clima" para que acordo seja selado e sente que EUA e países europeus têm mais "disposição" para conversar
DO ENVIADO A NOVA YORK
Sentindo-se vitaminado por
uma série de encontros com líderes de potências mundiais, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva fez ontem uma promessa
sobre a Rodada Doha que analistas e céticos acham impossível de ser cumprida. "Estou
convencido de que ainda neste
ano poderemos fechar tranqüilamente [o acordo], para felicidade de todos nós", disse ele.
Lula se referia ao ambicioso
ciclo de negociações para liberalização do comércio global,
lançada em 2001 e empacada
desde 2006. "Estamos mais
perto de uma negociação do
que em qualquer outro momento", havia afirmado antes o
presidente aos jornalistas.
Indagado se o desfecho não
teria de esperar a eleição do
próximo presidente dos EUA,
em novembro de 2008, já que
restam a George W. Bush 15
meses de mandato e cada vez
menos capital político, Lula
disse: "O mundo não pode esperar as eleições americanas
para que a gente faça acordo".
Em sua edição de anteontem,
o jornal econômico britânico
"Financial Times" trazia reportagem em que afirmava que o
sucesso nas negociações provavelmente teriam de esperar por
um novo ocupante da Casa
Branca, atribuindo a opinião a
"experientes congressistas"
norte-americanos. O Congresso é hoje de maioria democrata,
de oposição. Os EUA são peça
fundamental para um acordo.
A negociação é difícil, afirmou Lula: "Cada vez que o Celso [Amorim, chanceler] vai a
Genebra, avança um milímetro". Mas ele sente uma nova
"inflexão", disse ele, sente que
"houve mudança de comportamento de Bush, que a Europa
está mais flexível, tem mais disposição de conversar". Em resumo, nas palavras presidenciais: "Acho que há um clima".
Antes de dar uma entrevista
à emissora semipública PBS,
Lula se encontrou com o presidente francês Nicolas Sarkozy,
a quem ele definiu como "totalmente engajado" tanto "na luta
pela reforma das Nações Unidas" -o Brasil defende um assento permanente no Conselho
de Segurança- como na reforma do G8.
OMC
Embora sua agenda fosse
mais voltada à discussão do
ambiente, o presidente aproveitou a reunião multilateral
para fazer avançar a pauta comercial. Anteontem, as rodadas da Organização Mundial do
Comércio dominaram a conversa de Lula com Bush e a
chanceler alemã, Angela Merkel.
O norte-americano acenou
diminuir os subsídios dados à
agricultura norte-americana,
uma exigência do Brasil e dos
países emergentes; em troca,
pediu que esses diminuíssem
as tarifas cobradas sobre os
produtos industrializados que
importam. No discurso que fez
pela manhã na abertura da 62ª
Assembléia Geral da ONU, Lula
voltaria ao tema.
"São inaceitáveis os exorbitantes subsídios agrícolas, que
enriquecem os ricos e empobrecem os pobres. É inadmissível um protecionismo que perpetua a dependência." Lula voltou ao Brasil na tarde de ontem.
(SÉRGIO DÁVILA)
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