São Paulo, quarta-feira, 26 de setembro de 2007

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Rodada Doha sai neste ano, diz presidente

Segundo Lula, "o mundo não pode esperar as eleições norte-americanas" para que se destravem as negociações do acordo comercial

Presidente diz achar que há um "clima" para que acordo seja selado e sente que EUA e países europeus têm mais "disposição" para conversar

DO ENVIADO A NOVA YORK

Sentindo-se vitaminado por uma série de encontros com líderes de potências mundiais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez ontem uma promessa sobre a Rodada Doha que analistas e céticos acham impossível de ser cumprida. "Estou convencido de que ainda neste ano poderemos fechar tranqüilamente [o acordo], para felicidade de todos nós", disse ele.
Lula se referia ao ambicioso ciclo de negociações para liberalização do comércio global, lançada em 2001 e empacada desde 2006. "Estamos mais perto de uma negociação do que em qualquer outro momento", havia afirmado antes o presidente aos jornalistas.
Indagado se o desfecho não teria de esperar a eleição do próximo presidente dos EUA, em novembro de 2008, já que restam a George W. Bush 15 meses de mandato e cada vez menos capital político, Lula disse: "O mundo não pode esperar as eleições americanas para que a gente faça acordo".
Em sua edição de anteontem, o jornal econômico britânico "Financial Times" trazia reportagem em que afirmava que o sucesso nas negociações provavelmente teriam de esperar por um novo ocupante da Casa Branca, atribuindo a opinião a "experientes congressistas" norte-americanos. O Congresso é hoje de maioria democrata, de oposição. Os EUA são peça fundamental para um acordo.
A negociação é difícil, afirmou Lula: "Cada vez que o Celso [Amorim, chanceler] vai a Genebra, avança um milímetro". Mas ele sente uma nova "inflexão", disse ele, sente que "houve mudança de comportamento de Bush, que a Europa está mais flexível, tem mais disposição de conversar". Em resumo, nas palavras presidenciais: "Acho que há um clima".
Antes de dar uma entrevista à emissora semipública PBS, Lula se encontrou com o presidente francês Nicolas Sarkozy, a quem ele definiu como "totalmente engajado" tanto "na luta pela reforma das Nações Unidas" -o Brasil defende um assento permanente no Conselho de Segurança- como na reforma do G8.

OMC
Embora sua agenda fosse mais voltada à discussão do ambiente, o presidente aproveitou a reunião multilateral para fazer avançar a pauta comercial. Anteontem, as rodadas da Organização Mundial do Comércio dominaram a conversa de Lula com Bush e a chanceler alemã, Angela Merkel.
O norte-americano acenou diminuir os subsídios dados à agricultura norte-americana, uma exigência do Brasil e dos países emergentes; em troca, pediu que esses diminuíssem as tarifas cobradas sobre os produtos industrializados que importam. No discurso que fez pela manhã na abertura da 62ª Assembléia Geral da ONU, Lula voltaria ao tema.
"São inaceitáveis os exorbitantes subsídios agrícolas, que enriquecem os ricos e empobrecem os pobres. É inadmissível um protecionismo que perpetua a dependência." Lula voltou ao Brasil na tarde de ontem. (SÉRGIO DÁVILA)


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