São Paulo, quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

saiba mais

Cargo na estatal vale mais que um ministério

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

No jogo das indicações políticas, "uma" Petrobras vale mais do que quase todos os ministérios, mas uma diretoria na estatal também tem, muitas vezes, mais peso do que um posto na Esplanada.
Os investimentos da área internacional da companhia são de US$ 3 bilhões (R$ 5,6 bilhões), em média, no período de 2008 a 2012. Para este ano, a lei orçamentária prevê R$ 2,3 bilhões em investimentos do Ministério da Saúde. Para a Educação está reservado R$ 1,06 bilhão.
Um caixa tão poderoso e a possibilidade de fazer política com obras e projetos nos Estados explica a disputa acirrada entre partidos da base aliada por uma indicação para a diretoria da estatal, que, ao todo, investirá mais de US$ 22,5 bilhões por ano de 2008 a 2012.
Nesta semana, parte do imbróglio já começou a ser desfeito: foram nomeados dois executivos indicados pelo PT. Na cota pessoal da ministra Dilma Rousseff, Maria das Graças Foster assumiu a diretoria de Gás e Energia. José Eduardo Dutra, ex-senador pelo PT de Sergipe e ex-presidente da Petrobras, ficou com a presidência da BR Distribuidora.
Ela terá sob seu mando um orçamento de investimento de US$ 6,7 bilhões de 2008 a 2012. Dutra contará com US$ 2,6 bilhões.
São dadas como certas (ou quase) duas trocas na diretoria da estatal. Para acomodar afilhados políticos de PMDB e PP, as diretorias de Abastecimento e Gás e Energia devem ter novos titulares. Na reta final, dois nomes despontam para integrar a diretoria. Para a vaga de Paulo Roberto Costa, ligado ao PP, deve ir Alan Kardec, ex-gerente-executivo da área e atual assessor da presidência da empresa. Ele é da cota de parte do PT mineiro e do ministro Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais). Costa continuaria na diretoria, mas iria para a de Exploração e Produção, no lugar de Guilherme Estrella.
Na área internacional, Nestor Cerveró deve ser substituído por João Augusto Fernandes, ex-diretor de Mercado Consumidor (atacado) da BR Distribuidora na gestão FHC que volta a ser cotado para o posto. Técnico de carreira da estatal, o executivo tem apoio do PMDB de Minas Gerais e parte da base do partido em São Paulo, incluindo Michel Temer.
Quando as mudanças serão anunciadas, ainda não se sabe. Desde abril há um intenso clima de disputa e as mudanças são adiadas sempre por falta de entendimento entre a atual direção da empresa, o comando de alguns ministérios (leia-se Dilma Rousseff), setores do PT e de partidos da base aliada.


Texto Anterior: Negociação: Ministro admite redução gradativa da alíquota do imposto
Próximo Texto: Partido: Cúpula do PT apoia CPI da TVA na Câmara
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.