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Procurador diz não considerar "opiniões" da PF na denúncia
Segundo Antonio Fernando, polícia deve "descrever fatos"
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O procurador-geral da República, Antonio Fernando de
Souza, disse ontem que irá desconsiderar as conclusões da
Polícia Federal no inquérito do
valerioduto mineiro para decidir sobre o oferecimento da denúncia criminal ao STF.
Antonio Fernando disse que
ainda não sabe se incluirá o ministro Walfrido Mares Guia
(Relações Institucionais) entre
os denunciados. Disse que só
no último momento da análise
do inquérito formará sua convicção sobre o envolvimento
dele e de outros investigados.
"Não vou me basear no relatório [da PF]", disse. Ele criticou o destaque dado pelos jornais às conclusões da polícia e
afirmou que ela não deveria ter
emitido "opiniões" no relatório
produzido em julho. "Ele tem
de descrever os fatos. Se tem
opinião, deixa de ser relatório."
Segundo o procurador-geral,
esse é apenas um dos inúmeros
documentos contidos no inquérito, que apurou desvio de
dinheiro público para financiamento, em 1998, de campanhas
de políticos, como a do senador
Eduardo Azeredo (PSDB-MG).
Ele acrescentou que irá se ater
aos fatos que indiquem a ocorrência de crime, não às conclusões da PF sobre eles.
As declarações dele expõem a
disputa entre PF e Ministério
Público Federal em torno do
papel de cada instituição nas
investigações contra autoridades, em que atuam um ministro
do STF (relator), o procurador-geral e um ou mais delegados.
O diretor-geral da PF, Luiz
Fernando Corrêa, disse por
meio de sua assessoria que não
vai comentar as afirmações.
O procurador-geral descartou a possibilidade de requisitar ao STF o retorno à PF do inquérito do valerioduto mineiro
para apurações complementares antes do oferecimento da
denúncia. No relatório, o delegado Luís Flávio Zampronha
de Oliveira recomendou que
Antonio Fernando peça novas
investigações, particularmente
a tomada de depoimento dos
beneficiários dos recursos
transferidos por empresas de
Marcos Valério para campanhas de Minas em 1998.
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