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ANÁLISE
No final da crise, Garotinho sai ganhando
MARCELO BERABA
Diretor da Sucursal do Rio
O governador do Rio, Anthony
Garotinho, sai vitorioso da batalha que provocou contra o PT. O
rompimento do partido com o
seu governo permitiu que ele
mantivesse na sua administração,
com o aval da Direção Nacional,
apenas o PT que lhe interessa,
aquele que chama de "competente". Livrou-se, assim, dos "radicais", sempre fortes e barulhentos
e que desde sempre estiveram
contra a coligação com o PDT.
É um retoque a mais, portanto,
na imagem que vem tentando desenhar de um político ponderado,
mas determinado, ideologicamente pragmático, que não tem
medo de enfrentamentos. Firme e
confiável. Uma alternativa viável
no quadro de sucessão presidencial que apenas se esboça. Como
ele mesmo já admitiu, está buscando um espaço entre as candidaturas de Lula e de Ciro Gomes,
um caminho pelo centro.
Garotinho bateu de frente contra parte do PT sabendo que só tinha a ganhar. Primeiro, porque já
não contava com aquele PT nas
votações na Assembléia Legislativa. Aliás, nem com o PT nem com
parte do seu próprio PDT, que vive a lhe aprontar surpresas.
A base de apoio hoje do governo na Assembléia não é mais a
aliança que o apoiou na eleição e
que não soma 30 dos 70 deputados. O apoio de outras forças, como o PMDB, acaba sendo até
mais importante. No caso do PT,
por exemplo, eram apenas oito
deputados estaduais, e dois já não
votavam mesmo com ele.
Outro fator que deve ter pesado
na disposição de o governador
provocar o PT às vésperas da convenção foi seu índice de popularidade. Ele mesmo citou ontem a
última pesquisa do Ibope para
mostrar que não depende dos que
saem. Realizada este mês, a pesquisa mostra que 78% dos moradores do Estado aprovam sua administração, contra apenas 13%
que desaprovam. Em áreas mais
pobres como a Baixada Fluminense, a aprovação chega a 83%.
Esses números e o tratamento
positivo que vem tendo na mídia
dão ao governador do Rio forças
para se distanciar dos aliados incômodos, como fez com Brizola
durante a campanha. É possível
prever que o PDT brizolista mais
cedo ou mais tarde possa ter o
mesmo fim da esquerda do PT: a
rua. A rejeição pública à parte do
PT e as irritações com o PDT
coincidem com uma presença cada vez mais forte do governador
em cultos evangélicos fora do Rio
e com uma aproximação tática do
PMDB fluminense. O mais importante agora não é saber de
quem ele se distancia, mas de
quem se aproxima.
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