São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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PAINEL

Bola de cristal
Nizan Guanaes, pelo jeito, acertou: no dia 25 de abril, o marqueteiro de José Serra disse a FHC que o candidato do PSDB não ganharia a eleição. À noite, numa festa em Brasília, repetiu a profecia em uma roda formada por políticos e jornalistas.

Jogo duro
Em 22 de julho, Nizan fez outra previsão para FHC: na crista da onda Ciro, disse que Serra chegaria ao segundo turno. Mais do que isso, não podia garantir. Motivos: desgaste do governo e falta de carisma do candidato.

Questão de foco
Tucanos questionam a linha de campanha de Serra usando a de Geraldo Alckmin em SP como base da comparação. Enquanto o presidenciável tucano passou o tempo todo falando em "mudança", o governador paulista batia na tecla do "vamos avançar ainda mais".

Ah, bom
Pérolas do programa eleitoral de rádio de Serra: "Democracia é cada um falar o que pensa (...). Foi do atrito que o homem descobriu a roda (...). A roda é o consenso final da democracia".

Chá, por favor
Ao ser indagado ontem, durante caminhada na avenida Paulista, sobre qual teria sido o maior abacaxi que teve de engolir na campanha, Alckmin (PSDB) explicou: "A enorme quantidade de cafezinhos que tive de tomar. Uns 20 por dia".

Um pé dentro
O senador Maguito Vilela (PMDB-GO) já negocia seu passe com o PL, partido que deve ser o principal desaguadouro de políticos que querem fazer parte da base do governo Lula fora do PT. Quatro deputados de Goiás devem seguir a mesma trilha.

Aumentar o cacife
Sarney pediu à filha Roseana que troque o PFL pelo PMDB. Com isso, seu partido passaria a ter a maior bancada no Senado, dando força à sua eleição para a presidência da Casa.

Linha de frente
O PT já iniciou conversas informais com representantes do FMI. Os principais interlocutores petistas têm sido Guido Mantega, Aloizio Mercadante e Sergio Werlang (Itaú), este ex-diretor do Banco Central.

Arrocho
Nas conversas com o FMI, o PT já fala em ter de aumentar o superávit primário dos atuais 3,75% ao ano para 4%.

Direita e esquerda
A entrada de oficiais de Justiça em redações de jornais para fazer censura prévia -como no caso de anteontem no "Correio Braziliense", a pedido de Roriz (PMDB)- também ocorreu na "Folha do Amapá" nesta eleição. A pedido do PT, o jornal foi proibido de circular no dia 6.

Opinião regional
No Amapá, a coligação da petista Dalva Figueiredo intuiu que haveria notícias contrárias na "Folha do Amapá" do dia da eleição e pediu a apreensão do jornal. José Dirceu (PT-SP) condenou anteontem a censura no "Correio". No Distrito Federal, Geraldo Magela (PT) disputa com Joaquim Roriz (PMDB).

Pit stop
Lula pretende fazer um check-up médico após as eleições, provavelmente no Incor, em SP.

180 graus
Nos bastidores do debate da Globo em SP, José Aníbal (PSDB) fazia piada, elaborando o cenário político com o seu partido na oposição: "Nunca sequer sonhei com isso: assistir ao Paulo Paim (PT-RS), com seu partido no governo, passar a defender salário mínimo de U$ 100".

Sinal de fraqueza
Cláudio Ávila, presidente da Eletrosul indicado por Jorge Bornhausen (PFL-SC), foi afastado do cargo. Em seu lugar, entrou Renato França, ex-presidente do PMDB de Blumenau.

TIROTEIO

Do prefeito de Vitória (ES) e coordenador do programa de governo de José Serra, Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), sobre a eventual vitória de Lula (PT), na eleição de amanhã:
- Não tenho dúvida de que ou Delfim Netto ou João Stedile irá se frustrar. Não dá para agradar a Deus e ao Diabo ao mesmo tempo. A vitória do Lula será a frustração anunciada.

CONTRAPONTO

Ônus eleitoral

O comerciante Ademir Schwab foi candidato a vereador pelo PMDB na cidade de Barracão (PR) em 1996. No meio da campanha, aproveitou um final de semana para um esforço concentrado, com comícios, carreatas e caminhadas.
À meia-noite, completamente exausto, o candidato foi para casa dormir. Duas horas depois, acordou com batidas na janela.
- O que o senhor quer?- perguntou Schwab ao homem humilde na porta de sua casa.
- Preciso de um botijão de gás. O de casa acabou.
- Mas o que eu tenho a ver com isso?- reclamou Schwab.
- O senhor não é candidato? Candidato tem que ajudar o povo. E eu preciso de gás!- explicou o eleitor.
- Se é assim, a partir de hoje eu não sou mais candidato!
No dia seguinte, Schwab foi ao cartório eleitoral e renunciou à sua candidatura.



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