São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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Petista discute hoje com assessores o "núcleo" da transição, que deverá ter cerca de dez nomes

Agenda de Lula para transição prioriza Orçamento, BC e FMI

Moacyr Lopes Júnior/Folha Imagem
No vôo para o Rio, Lula lê ao lado da mulher, Marisa, acompanhado também da comitiva petista


FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) define hoje, em reunião com assessores, o formato de sua equipe de transição, que deverá anunciar na próxima terça-feira, caso eleito presidente amanhã.
A primeira tarefa do núcleo, que terá cerca de dez pessoas -a maioria integrantes do partido-, será renegociar o Orçamento federal. O PT procurará, no eventual governo Lula, remanejar recursos para aumentar a cifra reservada a investimentos, tomando o cuidado de não comprometer a meta de superávit (economia de gastos) do atual governo.
Duas outras prioridades estarão na agenda: a revisão do acordo com o Fundo Monetário Internacional, prevista para o mês que vem, e a aprovação pelo Congresso da autonomia operacional do Banco Central, que incluiria provavelmente a instituição de mandatos fixos para os diretores.
De forma mais lateral, estarão na pauta também a negociação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e a compra de jatos da FAB (Força Aérea Brasileira).
Lula deve ter uma primeira conversa com auxiliares no início da tarde de hoje, depois de chegar do Rio, onde participaria ontem à noite de debate na TV Globo.
O núcleo da transição será responsável pelos primeiros contatos do novo governo com a atual administração, em especial com o Ministério da Fazenda e o Banco Central. "São os nomes que colocarão a engrenagem para funcionar", diz um integrante da coordenação de campanha de Lula. Este núcleo, de caráter acentuadamente político, começa a trabalhar já na semana que vem, ocupando parte do Centro de Formação do Banco do Brasil, destinado à transição.
Deverão fazer parte do seleto grupo o presidente do PT, José Dirceu, o coordenador do programa de governo, Antônio Palocci Filho, o secretário-geral, Luiz Dulci, o senador eleito Aloizio Mercadante e o ex-deputado Luiz Gushiken, que compõem o núcleo estratégico e político da campanha.
Outros nomes que farão a transição, mesmo que informalmente, são José Graziano (especialista em agricultura), Guido Mantega (assessor econômico de Lula) e Gilberto Carvalho, que deverá atuar como "chefe de gabinete" de Lula. Da agenda legislativa cuidará o líder da bancada na Câmara, João Paulo Cunha (SP).
Podem estar no grupo também especialistas na área de Orçamento, como o ex-secretário de Finanças de São Paulo Amir Khair e o deputado federal reeleito Jorge Bittar (PT-RJ). É provável ainda que um nome de partido aliado -como PSB, PDT ou PPS- integre a equipe.
Em uma segunda etapa, serão definidos por Lula os integrantes das áreas temáticas que negociarão "setorialmente". Esse grupo, de perfil mais técnico, completará os 55 cargos colocados à disposição pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.
Nomes prováveis são Newton Lima (coordenador de Educação), Ângela Guadagnin (Saúde), Luiz Eduardo Soares (Segurança), Gilney Viana (Meio Ambiente) e Hamilton Pereira (Cultura).
Segundo coordenadores da campanha de Lula, a equipe de transição poderá ser reforçada desde o início por nomes de fora do partido, como sinal ao mercado de que o PT planeja fazer um governo amplo. Os empresários Eugênio Staub e Ivo Rosset poderão também ser incluídos.
A princípio, o grupo de transição deverá ser anunciado na terça-feira de manhã, mas a divulgação pode ficar para o período da tarde, após encontro de Lula com o presidente Fernando Henrique, por uma questão protocolar.
O presidenciável tem afirmado que os integrantes de sua equipe de transição não serão necessariamente os componentes do governo. A equipe econômica não deverá ser anunciada imediatamente, apesar do que se especulou durante a campanha. Lula e Dirceu afirmam que querem tempo para "poder escolher bem".
Ao mesmo tempo, Lula autorizou seu círculo mais próximo a dizer a empresários e integrantes de bancos e corretoras que o núcleo de poder de seu eventual governo vai estar já contemplado na equipe de transição.


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