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Bittar diz que é difícil reajustar salários em 2003
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O deputado federal Jorge Bittar,
coordenador de infra-estrutura
do programa de governo do PT,
disse ontem no Rio que, caso seja
eleito amanhã, Luiz Inácio Lula
da Silva fará, na segunda-feira,
"um discurso de austeridade,
mostrando que não é possível fazer milagres".
Bittar afirmou que não está otimista em relação ao aumento do
salário mínimo para R$ 240, prometido durante a campanha petista, nem sobre a possibilidade de
um reajuste dos salários do funcionalismo público em 2003.
"Se déssemos 10% ao funcionalismo, que seria um aumento pequeno, o impacto no orçamento
seria grande", disse.
O deputado afirmou que o impacto na dívida pública do recente
aumento da taxa básica de juros,
para 21%, e o Orçamento de 2003,
já enviado ao Congresso, dão
pouca margem de manobra ao
novo governo no próximo ano.
Na proposta de Orçamento, o aumento previsto do mínimo é de
5,5%, para R$ 211.
Segundo o senador eleito Aloizio Mercadante (PT-SP), será difícil definir, em um eventual governo Lula, o valor do salário mínimo sem que antes ocorra uma reforma da Previdência. De acordo
com Mercadante, o governo de
Lula terá o "compromisso muito
forte com o salário mínimo".
Ele afirmou que Lula tem "a
pretensão de, em quatro anos, dobrar o valor do salário mínimo",
mas listou empecilhos a uma definição imediata: "Sem saber a taxa
de juros, o câmbio, qual a receita
tributária... Esse é o debate que
vamos começar a partir da semana que vem no Congresso. Fica difícil você definir quanto vai ter para a educação, para a saúde e para
o salário mínimo".
Bittar comparou o que seria o
primeiro ano de um possível governo Lula com o primeiro ano de
governo da prefeita de São Paulo,
Marta Suplicy. Disse que foi um
ano "difícil" para Marta, por ter
que pôr em ordem as contas da
prefeitura, mas que agora a popularidade da prefeita está subindo,
com os resultados dos programas
sociais que ela está implantando.
Bittar disse que o programa Fome Zero será implantado já em janeiro e descartou a idéia de que
Lula, que prometeu respeitar contratos e cumprir o acordo com o
FMI, não vá mudar o atual modelo econômico. "Sem dúvida, Lula
vai fazer mudanças estruturais."
Bittar esteve no hotel Glória, onde Lula passou a tarde de ontem
reunido com assessores. Também
estiveram no hotel Mercadante, o
presidente do PT, José Dirceu, o
líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha, e Gilberto Carvalho,
um dos coordenadores da campanha de Lula.
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