São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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Bittar diz que é difícil reajustar salários em 2003

FREE-LANCE PARA A FOLHA

O deputado federal Jorge Bittar, coordenador de infra-estrutura do programa de governo do PT, disse ontem no Rio que, caso seja eleito amanhã, Luiz Inácio Lula da Silva fará, na segunda-feira, "um discurso de austeridade, mostrando que não é possível fazer milagres".
Bittar afirmou que não está otimista em relação ao aumento do salário mínimo para R$ 240, prometido durante a campanha petista, nem sobre a possibilidade de um reajuste dos salários do funcionalismo público em 2003.
"Se déssemos 10% ao funcionalismo, que seria um aumento pequeno, o impacto no orçamento seria grande", disse.
O deputado afirmou que o impacto na dívida pública do recente aumento da taxa básica de juros, para 21%, e o Orçamento de 2003, já enviado ao Congresso, dão pouca margem de manobra ao novo governo no próximo ano. Na proposta de Orçamento, o aumento previsto do mínimo é de 5,5%, para R$ 211.
Segundo o senador eleito Aloizio Mercadante (PT-SP), será difícil definir, em um eventual governo Lula, o valor do salário mínimo sem que antes ocorra uma reforma da Previdência. De acordo com Mercadante, o governo de Lula terá o "compromisso muito forte com o salário mínimo".
Ele afirmou que Lula tem "a pretensão de, em quatro anos, dobrar o valor do salário mínimo", mas listou empecilhos a uma definição imediata: "Sem saber a taxa de juros, o câmbio, qual a receita tributária... Esse é o debate que vamos começar a partir da semana que vem no Congresso. Fica difícil você definir quanto vai ter para a educação, para a saúde e para o salário mínimo".
Bittar comparou o que seria o primeiro ano de um possível governo Lula com o primeiro ano de governo da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy. Disse que foi um ano "difícil" para Marta, por ter que pôr em ordem as contas da prefeitura, mas que agora a popularidade da prefeita está subindo, com os resultados dos programas sociais que ela está implantando.
Bittar disse que o programa Fome Zero será implantado já em janeiro e descartou a idéia de que Lula, que prometeu respeitar contratos e cumprir o acordo com o FMI, não vá mudar o atual modelo econômico. "Sem dúvida, Lula vai fazer mudanças estruturais."
Bittar esteve no hotel Glória, onde Lula passou a tarde de ontem reunido com assessores. Também estiveram no hotel Mercadante, o presidente do PT, José Dirceu, o líder do PT na Câmara, João Paulo Cunha, e Gilberto Carvalho, um dos coordenadores da campanha de Lula.


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