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TRANSIÇÃO
Estudo preliminar de relator aponta queda de receita e falta de fontes extras para investimentos no próximo ano
Orçamento-2003 restringe gasto público
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O relatório preliminar do Orçamento da União de 2003 confirma
o cenário de restrição de gastos
públicos no próximo ano, decorrente da queda de receita e da falta
de fontes extras de recursos para
investimentos. Também reforça a
necessidade de manutenção da
alíquota de 27,5% do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física).
Esse relatório -etapa inicial de
discussão do Orçamento- faz
uma análise geral da proposta enviada pelo governo ao Congresso.
O senador Sérgio Machado
(PMDB-CE), relator da proposta
orçamentária, apresentou ontem
o relatório, que deve ser votado na
Comissão Mista de Orçamento
(que reúne deputados e senadores) até a próxima semana.
A proposta orçamentária para
2003 prevê uma redução real de
1,8% das receitas em relação a
2001. São esperadas no próximo
ano receitas da ordem de R$ 341,9
bilhões, incluindo as condicionadas, como a manutenção da alíquota de 9% da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
Essa alíquota cairia para 8% a
partir de janeiro de 2003, mas o
governo já mandou uma medida
provisória prorrogando a cobrança de 9% por mais um ano. O adicional gera R$ 1,1 bilhão ao ano.
"É importante destacar a dificuldade de encontrar possíveis
fontes adicionais de receita não-incluídas na proposta orçamentária", diz o relator. Receitas atípicas arrecadadas em 2002, como a
tributação dos fundos de pensão,
não ocorrerão em 2003.
Alteração nos valores previstos
para 2003 só ocorrerão por meio
de mudança no quadro econômico, que se agravou depois da elaboração do Orçamento, com o
aumento da taxa básica de juros
-de 18% para 21% ao ano- e da
desvalorização cambial.
A arrecadação de tributos no
próximo ano deverá ter um aumento nominal de apenas 0,6%.
Esse índice, comparado à taxa de
inflação de 7,39% esperada, corresponde a uma redução em termos reais de mais de 6%. A queda
real na arrecadação dos tributos
representa a quase totalidade da
redução de receita em 2003.
Esse quadro confirma a necessidade de manutenção da alíquota
de 27,5% do IR -que representa
um adicional de 10% sobre a original de 25%- em 2003. O adicional gera em torno de R$ 1,8 bilhão ao ano e é cobrada de quem
ganha mais de R$ 2.115.
Diante da redução de receitas, o
investimento em 2003 caiu 33,4%
em relação ao proposto para este
ano. Para o próximo ano foram
propostos investimentos de R$
7,3 bilhões, contra R$ 11 bilhões
sugeridos para 2002.
Só o Distrito Federal, com aumento de 34,4%, e Mato Grosso
do Sul, com aumento de 0,5%,
não tiveram investimentos reduzidos. Os Estados que mais sofreram cortes nos investimentos federais foram Rio Grande do Norte, Paraíba, Pará, Ceará e Bahia.
O aumento do salário mínimo
previsto no Orçamento de 2003 é
de 5,5% -o que representa R$ 11.
O mínimo passaria dos atuais R$
200 para R$ 211. Diante do cenário
de dificuldades identificado pelo
relator, dificilmente o Congresso
encontrará fontes para conceder
um aumento maior.
O mesmo deve acontecer em relação aos salários dos servidores
-cujo aumento linear previsto é
de 4%. No Orçamento, os gastos
com pessoal em 2003 chegarão a
R$ 76,9 bilhões, cerca de 5,4% do
PIB (soma das riquezas do país).
A receita total do Orçamento é
de R$ 327,9 bilhões e a despesa
primária (sem juros) é de R$ 296,1
bilhões. A diferença de R$ 31,8 bilhões representa a quota do governo federal para cumprir o superávit primário de 3,75% do PIB.
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