São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AMAPÁ

Procuradores exibem dinheiro, roupas e cestas básicas como provas; Dalva Figueiredo (PT), candidata à reeleição, nega

Governadora é suspeita de comprar votos

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MACAPÁ

O Ministério Público Federal no Amapá quer investigar suposta prática de compra de votos por parte da campanha da governadora do Amapá, Dalva Figueiredo (PT), que concorre à reeleição.
A governadora vê motivação política nas acusações dos procuradores e está tentando afastá-los com uma ação judicial.
Os procuradores federais Manoel Pastana e Celso Três, em entrevista coletiva concedida ontem no começo da noite, afirmaram haver indícios do crime e que vão preparar uma ação a ser apresentada à Justiça Eleitoral.
Eles são autores da ação, protocolada ontem no TRE, na qual Dalva é acusada de uso da máquina ao remanejar de forma supostamente irregular R$ 61,5 milhões nos três meses anteriores à eleição -o que é proibido. Parte da movimentação teria fins eleitorais, suspeitam os procuradores.
A legislação estabelece normas para as eleições e veta "transferências voluntárias de recursos" nos três meses anteriores ao pleito. Dalva assumiu o cargo em 5 de abril no lugar do ex-governador e senador eleito João Capiberibe (PSB-AP).
No caso da suposta compra de votos, os procuradores apresentaram material -apreendido durante a reta final do primeiro turno- que teria sido oferecidos em troca de votos.
Há dinheiro, remédios, cestas básicas, transformadores de energia e roupas.
O procurador Manoel Pastana afirmou que o dinheiro, R$ 5.900 em notas, foi apreendido com Ronaldo Barros, irmão do secretário de Governo do Amapá, Edvan Barros. "Esse material seguirá em outra ação paralela porque é um indicativo de compra de votos", disse.
As outras apreensões só serão detalhadas quando a ação estiver pronta.

Uso da máquina
Três disse que a ação principal, de abuso por poder político e protocolada ontem contra Dalva, pode tramitar até dois anos para julgamento do mérito -semelhante ao processo que cassou o diploma do ex-governador Mão Santa (PI). "A ação de abuso por poder político deixa o candidato três anos inelegível, por isso é mais dificultosa, mas o efeito é suspensivo porque o candidato perde o cargo", afirmou.
Pastana afirmou que o uso da máquina "desmantelou a administração pública". "O próximo governo vai levar uns seis meses de auditoria para colocar em ordem isso aqui [segundo ele, desvios de R$ 61,5 milhões]", afirmou.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Outro Lado: Governadora diz que processo é perseguição
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.