São Paulo, sábado, 26 de outubro de 2002

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Deputado petista eleito é acusado de compra de votos no Amapá

KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS

O deputado federal eleito Hélio Esteves (PT) foi acusado ontem de compra de votos pela Procuradoria Eleitoral do Amapá. A ação, que já está no Tribunal Regional Eleitoral, pede a cassação do registro ou do diploma de Esteves, ex-diretor da estatal Companhia de Eletricidade do Amapá.
Esteves nega as acusações e vê um complô contra o PT no Estado, que já é acusado de usar a máquina para tentar reeleger a governadora Dalva Figueiredo.
Na tarde de 6 de outubro, ao final da votação do primeiro turno, policiais federais prenderam em flagrante os servidores públicos federais cedidos à CEA Readhaid Dias Oliveira e José Eduardo Pimentel Coutinho.
Segundo a PF, eles estavam na sede da associação de funcionários da CEA vestidos com camisetas vermelhas com o nome de Esteves, coordenando, por meio de fichas com dados de eleitores e números de títulos, distribuição de dinheiro e benefícios por votos. Na ação, coordenada por promotores, foram encontrados com os servidores santinhos e adesivos de Esteves, além de R$ 2.800. Em pastas vermelhas havia listas com controle de veículos e de locais onde os eleitores votaram.
Entre os benefícios oferecidos ao eleitores estavam uniformes de goleiros, cargas de pedras e de areia, sacos de cimento e até potes de vitamina. Segundo as investigações, Oliveira era o coordenador de área onde os eleitorais receberiam de R$ 20 a R$ 15 pelo voto. Uma única família de eleitor com 17 pessoas faturou R$ 255, segundo as fichas apreendidas.
Em depoimento, Oliveira e Coutinho afirmaram que só se pronunciariam em juízo.
Estreante na política, Esteves foi presidente da CEA -de 1995 a 2000- e ganhou a eleição com 12.049 votos com uma campanha onde prometeu melhorar as ações da companhia no Estado.

Cassação
Na terça, o TRE-AP havia cassado o registro do deputado reeleito Fran Soares Júnior (PMDB). Presidente da Assembléia Legislativa, ele também foi acusado de compra de votos pelos procuradores federais que atuam no eleitoral, Manoel Pastana e Celso Três.
O procurador Três disse que o caso de Esteves é bem semelhante a de Fran Júnior. "É um caso incomum [a compra de votos] dentro do PT, mas ratifica o que está acontecendo com a governadora do Estado. No caso dela é uso da máquina e no dele [Esteves], compra de votos", disse.



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