São Paulo, terça-feira, 26 de outubro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PARLAMENTO

CPI do Rio do caso Waldomiro motiva sindicância; Câmara também apura se 5 deputados cobraram empresário

Deputado acusado de extorsão é investigado

RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Câmara dos Deputados determinou ontem a abertura de duas investigações contra integrantes da Casa. Uma delas resultou na instalação de uma comissão de sindicância para apurar a suposta tentativa do deputado federal André Luiz (PMDB-RJ) de extorquir o empresário Carlos Cachoeira, que é investigado por uma CPI da Assembléia Legislativa do Rio.
Composta por cinco deputados e chefiada pelo corregedor da Casa, Luiz Piauhylino (sem partido-PE), a comissão deve solicitar as gravações que mostrariam a tentativa de extorsão ao empresário -em troca de R$ 4 milhões, Cachoeira teria seu nome excluído do relatório final da CPI.
Além disso, a Corregedoria da Casa também recebeu a determinação de apurar um outro caso: as circunstâncias de pedido de dinheiro feito a um empresário, em um papel timbrado da Câmara, para a realização de um evento particular. A informação foi veiculada na coluna de domingo do jornalista Elio Gaspari.
O caso que recebeu mais atenção da cúpula da Câmara, porém, foi o do deputado peemedebista, que em reportagem desta semana da revista "Veja" aparece em diálogos gravados tentando negociar propina como forma de influenciar a retirada do nome de Cachoeira do relatório final da CPI.
A CPI da Assembléia fluminense foi instalada após o surgimento do caso Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil do governo federal que também foi gravado pedindo propina a Cachoeira.
André Luiz nega todas as acusações e diz não reconhecer nenhum diálogo da revista "Veja" .
O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), afirmou que, se comprovada a tentativa de extorsão, o deputado deve ter seu mandato cassado. Para isso ocorrer, a sindicância -que tem prazo de 20 sessões para apurar- tem que dar parecer pela abertura de processo de cassação no Conselho de Ética da Casa. O conselho faz nova investigação e, caso decida propor a cassação, submete o parecer à votação secreta no plenário da Câmara. A cassação só ocorre com o voto de pelo menos 257 dos 513 deputados.
Nos últimos anos, acusados de irregularidades têm renunciado como forma de evitar a cassação e a inelegibilidade de oito anos resultante dela.
André Luiz está em seu primeiro mandato como deputado e é titular da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle. Ele apresentou até hoje 168 proposições, grande parte delas requerimentos de convocações de empresários -em destaque, os do ramo de combustíveis- e políticos, entre outros, para prestar esclarecimentos em comissões da Casa.

Gaspari
Em relação ao outro caso, a Câmara não informou quando iniciará a apuração do pedido de dinheiro feito a um empresário, em papel timbrado da Câmara, para um evento privado. O evento está marcado para dezembro, em São Paulo, e trata de ações sociais feitas por empresas de energia.
De acordo com a coluna de Gaspari, cinco deputados da Comissão de Minas e Energia da Câmara assinam ofício em que pedem, além da adesão de um empresário ao evento, a compra por ele de uma cota no valor de R$ 70 mil.


Texto Anterior: Sorocaba: Presos 4 acusados de espionar tucano
Próximo Texto: Outro lado: Comissão retira apoio a fórum e vê erro de ONG
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.