São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ESTATAIS

Comissão pretende investigar se recursos movimentados por fundos de pensão foram desviados para abastecer o caixa dois petista

CPI estende quebra de sigilos de fundos

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CPI dos Correios quebrou ontem os sigilos bancário, fiscal e telefônico de 14 fundos de pensão, 30 corretoras, 21 operadores de mercado e de três empresas que teriam negócios com essas entidades de previdência. O objetivo é identificar transações que teriam causado prejuízos às fundações visando, supostamente, desviar recursos para o caixa dois do PT.
A abertura dos dados é referente aos últimos cinco anos. Foram quebrados os sigilos dos seguintes fundos: Sistel (empresas de telefonia), Refer (ferroviários), Nucleos (estatais de energia nuclear), Prece (Cedae/ Companhia Estadual de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro), Funcef (Caixa Econômica Federal), Petros (Petrobras), Geap (Servidores da Administração Federal), Centrus (Banco Central), Real Grandeza (Furnas), Eletros (Eletrobrás), Serpros (Serviço Federal de Processamento de Dados), Postalis (Correios), Portus (sistema portuário), Previ (Banco do Brasil).
A CPI analisará operações como as de compra e venda de títulos e valores mobiliários, transações realizadas com instrumentos financeiros derivativos e contratação de serviços de consultoria.
Os sigilos de dez desses fundos já haviam sido quebrados, mas de forma mais restrita. O mesmo aconteceu com 19 das 30 corretoras que tiveram os sigilos quebrados ontem. Entre os operadores de mercado que tiveram os sigilos quebrados está Haroldo de Almeida Rego Filho, o Pororoca, que prestará depoimento hoje à CPI. Ele é acusado de participar de um esquema que teria tentado desviar R$ 19 milhões da Refer para financiar campanhas petistas.
A CPI também aprovou ontem a convocação da ex-presidente da Brasil Telecom Carla Cicco para explicar contratos de publicidade, firmados no início deste ano, com as agências SMPB e DNA, do publicitário Marcos Valério de Souza, no valor de R$ 50 milhões. Eles foram suspensos no início da atual crise política.
A comissão já investigava o depósito de R$ 131,7 milhões, nos últimos cinco anos, feitos pela Telemig Celular e pela Amazônia Celular nas contas de Marcos Valério, de quem são clientes. Essas empresas são controladas pelo grupo Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas, que também controlava a Brasil Telecom.
Parlamentares da CPI apuram se os serviços de publicidade foram realmente prestados ou se esses recursos seriam, na verdade, doações feitas a partidos políticos e que não foram declaradas.


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