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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ESTATAIS
Comissão pretende investigar se recursos movimentados por fundos de pensão foram desviados para abastecer o caixa dois petista
CPI estende quebra de sigilos de fundos
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CPI dos Correios quebrou ontem os sigilos bancário, fiscal e telefônico de 14 fundos de pensão,
30 corretoras, 21 operadores de
mercado e de três empresas que
teriam negócios com essas entidades de previdência. O objetivo é
identificar transações que teriam
causado prejuízos às fundações
visando, supostamente, desviar
recursos para o caixa dois do PT.
A abertura dos dados é referente aos últimos cinco anos. Foram
quebrados os sigilos dos seguintes
fundos: Sistel (empresas de telefonia), Refer (ferroviários), Nucleos
(estatais de energia nuclear), Prece (Cedae/ Companhia Estadual
de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro), Funcef (Caixa Econômica
Federal), Petros (Petrobras),
Geap (Servidores da Administração Federal), Centrus (Banco
Central), Real Grandeza (Furnas),
Eletros (Eletrobrás), Serpros (Serviço Federal de Processamento de
Dados), Postalis (Correios), Portus (sistema portuário), Previ
(Banco do Brasil).
A CPI analisará operações como as de compra e venda de títulos e valores mobiliários, transações realizadas com instrumentos
financeiros derivativos e contratação de serviços de consultoria.
Os sigilos de dez desses fundos
já haviam sido quebrados, mas de
forma mais restrita. O mesmo
aconteceu com 19 das 30 corretoras que tiveram os sigilos quebrados ontem. Entre os operadores
de mercado que tiveram os sigilos
quebrados está Haroldo de Almeida Rego Filho, o Pororoca,
que prestará depoimento hoje à
CPI. Ele é acusado de participar
de um esquema que teria tentado
desviar R$ 19 milhões da Refer para financiar campanhas petistas.
A CPI também aprovou ontem
a convocação da ex-presidente da
Brasil Telecom Carla Cicco para
explicar contratos de publicidade,
firmados no início deste ano, com
as agências SMPB e DNA, do publicitário Marcos Valério de Souza, no valor de R$ 50 milhões. Eles
foram suspensos no início da
atual crise política.
A comissão já investigava o depósito de R$ 131,7 milhões, nos últimos cinco anos, feitos pela Telemig Celular e pela Amazônia Celular nas contas de Marcos Valério, de quem são clientes. Essas
empresas são controladas pelo
grupo Opportunity, do banqueiro
Daniel Dantas, que também controlava a Brasil Telecom.
Parlamentares da CPI apuram
se os serviços de publicidade foram realmente prestados ou se esses recursos seriam, na verdade,
doações feitas a partidos políticos
e que não foram declaradas.
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