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Segundo turno foi uma bênção, diz presidente
MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela primeira vez ao longo de
toda a campanha eleitoral, o
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva assumiu ontem, no último
comício, que houve erros em
seu governo e se incluiu entre
os responsáveis "pelas coisas
erradas". "Humildemente eu
reconheço que nós erramos.
Humildemente eu reconheço
que nós fizemos coisa errada.
Mas humildemente eu reconheço que, com tudo de errado
que nós fizemos, este país melhorou de forma extraordinária
se comparado aos oito anos de
governo deles", disse Lula.
Lula optou por finalizar a
campanha em São Paulo, na região sul da capital. O PT aposta
na redução da vantagem de Geraldo Alckmin (PSDB) no Estado no segundo turno.
Lula chegou ao local do comício às 20h15. Passou alguns minutos introspectivo, enquanto
petistas discursavam. O presidente apresentava sinais de
cansaço, mas disse ter certeza
da vitória. "Não tenho dúvida
de que vamos ganhar", afirmou,
num discurso de 20 minutos.
Segundo Lula, a vitória será
conseqüência de sua identidade com o povo. "Precisa ficar
claro que aquele Palácio não é
de meia dúzia. É do povo." Ele
citou a pesquisa Datafolha, em
que ele teve 61% dos votos válidos e Alckmin 39%; e seu governo foi avaliado por 53% como ótimo/bom; por 31% como
regular; e ruim por 15%.
"Eu quero ver alguém sair
com a avaliação que nós estamos hoje no final de mandato.
E depois da gente apanhar quatro anos da imprensa brasileira.
Quatro anos em que as coisas
boas que nós fazíamos não apareciam nos jornais e as coisas
ruins apareciam em letras garrafais", afirmou.
Lula ironizou a oposição.
Disse que seus adversários se
surpreenderam por ele ter recebido mais votos no primeiro
turno. "Não ganhei no primeiro
turno e vocês sabem por quê",
disse, sem mencionar o caso do
dossiê. Repetindo as invocações a Deus, disse que "o segundo turno, ao invés de ser um
castigo, foi uma bênção".
Ao enfatizar que sofreu "o
preconceito da região sul do
país" quando chegou a São Paulo, Lula disse que quer um governo em que "pedreiros sejam
engenheiros" e "empregadas
domésticas sejam patroas".
"E é por isso que os nossos
adversários ficam tão nervosos,
tão irritados. Vocês viram no
debate como ele fica nervoso,
às vezes me provocando para
ver se eu reajo de forma grosseira. Mas educação a gente não
aprende na escola. Aprende
com o pai e a mãe da gente. Não
precisa ter diploma."
O presidente afirmou que
participará do debate da TV
Globo, "com tranqüilidade", e
que não vai "agredir e nem falar
mal de ninguém".
Para a coordenação de campanha petista, cerca de 15 mil
pessoas assistiram ao último
comício. A Polícia Militar estimou o público entre 3.000 e
4.000 pessoas.
Durante o comício, os organizadores chegaram a anunciar
um público de 20 mil pessoas,
momento em que ironizavam o
evento do tucano Geraldo Alckmin que aconteceu momentos
antes, também em São Paulo, e
que teria "umas 3.000 pessoas". A região do Capela do Socorro, onde foi realizado o comício, é reduto eleitoral dos petistas da família Tatto, conhecida como Tattolândia, do grupo
político da ex-prefeita Marta
Suplicy, coordenadora da campanha no Estado.
(Colaborou Rogério Pagnan)
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