São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Segundo turno foi uma bênção, diz presidente

MALU DELGADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela primeira vez ao longo de toda a campanha eleitoral, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu ontem, no último comício, que houve erros em seu governo e se incluiu entre os responsáveis "pelas coisas erradas". "Humildemente eu reconheço que nós erramos.
Humildemente eu reconheço que nós fizemos coisa errada. Mas humildemente eu reconheço que, com tudo de errado que nós fizemos, este país melhorou de forma extraordinária se comparado aos oito anos de governo deles", disse Lula.
Lula optou por finalizar a campanha em São Paulo, na região sul da capital. O PT aposta na redução da vantagem de Geraldo Alckmin (PSDB) no Estado no segundo turno. Lula chegou ao local do comício às 20h15. Passou alguns minutos introspectivo, enquanto petistas discursavam. O presidente apresentava sinais de cansaço, mas disse ter certeza da vitória. "Não tenho dúvida de que vamos ganhar", afirmou, num discurso de 20 minutos.
Segundo Lula, a vitória será conseqüência de sua identidade com o povo. "Precisa ficar claro que aquele Palácio não é de meia dúzia. É do povo." Ele citou a pesquisa Datafolha, em que ele teve 61% dos votos válidos e Alckmin 39%; e seu governo foi avaliado por 53% como ótimo/bom; por 31% como regular; e ruim por 15%.
"Eu quero ver alguém sair com a avaliação que nós estamos hoje no final de mandato. E depois da gente apanhar quatro anos da imprensa brasileira. Quatro anos em que as coisas boas que nós fazíamos não apareciam nos jornais e as coisas ruins apareciam em letras garrafais", afirmou. Lula ironizou a oposição.
Disse que seus adversários se surpreenderam por ele ter recebido mais votos no primeiro turno. "Não ganhei no primeiro turno e vocês sabem por quê", disse, sem mencionar o caso do dossiê. Repetindo as invocações a Deus, disse que "o segundo turno, ao invés de ser um castigo, foi uma bênção".
Ao enfatizar que sofreu "o preconceito da região sul do país" quando chegou a São Paulo, Lula disse que quer um governo em que "pedreiros sejam engenheiros" e "empregadas domésticas sejam patroas".
"E é por isso que os nossos adversários ficam tão nervosos, tão irritados. Vocês viram no debate como ele fica nervoso, às vezes me provocando para ver se eu reajo de forma grosseira. Mas educação a gente não aprende na escola. Aprende com o pai e a mãe da gente. Não precisa ter diploma."
O presidente afirmou que participará do debate da TV Globo, "com tranqüilidade", e que não vai "agredir e nem falar mal de ninguém".
Para a coordenação de campanha petista, cerca de 15 mil pessoas assistiram ao último comício. A Polícia Militar estimou o público entre 3.000 e 4.000 pessoas. Durante o comício, os organizadores chegaram a anunciar um público de 20 mil pessoas, momento em que ironizavam o evento do tucano Geraldo Alckmin que aconteceu momentos antes, também em São Paulo, e que teria "umas 3.000 pessoas". A região do Capela do Socorro, onde foi realizado o comício, é reduto eleitoral dos petistas da família Tatto, conhecida como Tattolândia, do grupo político da ex-prefeita Marta Suplicy, coordenadora da campanha no Estado. (Colaborou Rogério Pagnan)

Texto Anterior: Alckmin
Próximo Texto: Janio de Freitas: O vício resiste
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.