São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA

Alckmin diz que Lula é parceiro das oligarquias e mente sem ruborizar

Em seu último comício, tucano ironiza aliança de petista com Sarney e Delfim Netto: "Poxa, como mudou"

Candidato fez ato para cerca de 8 mil pessoas no Vale do Aganhabaú, onde Covas fez campanha à Presidência em 1989 e palco das Diretas Já


CATIA SEABRA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, insistiu ontem no discurso de que Luiz Inácio Lula da Silva passou por uma mudança no poder. Chamando o petista de arrogante, o tucano ironizou:
"É impressionante como não fica vermelho quando mente. Falar contra as oligarquias, que as oligarquias são contra ele, do lado do Sarney?", alfinetou Alckmin, acrescentando: "O mentor do Lula é o Delfim Netto [ex-ministro de governos militares], o homem que assinou o AI-5, que disse que era para cassar o Mario Covas. O Lula do avanço virou parceiro das oligarquias, como é o Sarney. Poxa, como mudou".
Já no palanque do comício realizado ontem à noite no Vale do Anhangabaú, no centro de São Paulo, Alckmin voltou ao assunto, lembrando que Delfim estava na primeira fila de aliados de Lula durante o debate da TV Record. Ele também explorou os escândalos que abalaram o governo Lula, numa demonstração da tônica do debate de amanhã na TV Globo. Segundo ele, "o partido da ética virou defensor da mentira política". "O PT e o governo Lula viraram um código penal ambulante. Governo da crise, onde um escândalo sucede o outro."
Um dos palcos da campanha das Diretas Já, em 1984, o Vale do Anhangabaú também foi escolhido por ter abrigado o comício de Covas pela Presidência, em 1989. O ato reuniu 8.000 pessoas, segundo a PM. O governador eleito de São Paulo, José Serra, fez discurso bem mais moderado, sem menção direta à crise ética do PT. Serra limitou-se a sugerir que, no corpo-a-corpo, os militantes comparassem as companhias dos dois candidatos à Presidência. "Em política, não basta a pessoa. É preciso olhar o time. Vamos fazer essa comparação para todo mundo", sugeriu.
Serra foi mais duro ao comentar as críticas do PT ao processo de privatização durante o governo FHC. O governador eleito disse que ficava muito irritado com a estratégia.
"Mostra o padrão de mentiras com que os adversários trabalham em relação à questão da privatização", disse ele.

Ânimo
No palanque, os presidentes do PSDB, Tasso Jereissati (CE), do PPS, Roberto Freire (PE), e do PFL, Jorge Bornhausen (SC), se esforçavam para dar ânimo à campanha. Tasso brincou ao comentar a declaração de Lula, de que deixará de bater no tucanato após a eleição. "Quando chegar ao Palácio do Planalto, o Alckmin vai adorar se o PT não bater nele".
Questionado sobre o resultado das pesquisas, Bornhausen afirmou: "Os números poderiam ser melhores". O PFL se reúne na terça-feira para discutir qual estratégia adotará em relação ao futuro governo.
Na chegada ao comício, no início da noite, o clima era de abatimento. "Temos que trabalhar", disse Emanuel Fernandes. O deputado federal eleito Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT), presidente da Força Sindical, disse que considerava difícil a situação de Alckmin. "Ele parece até um herói, enfrentando adversários e amigos", disse ele. Roberto Freire afirmou que, "por w.o.", Lula não ganhará.
Após o comício, Alckmin se reuniu com Serra na prefeitura.


Texto Anterior: Otavio Frias Filho: As batatas
Próximo Texto: Aécio, Maia e Itamar faltam ao último comício da campanha tucana em SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.