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ELEIÇÕES 2006 / PRESIDÊNCIA
Alckmin diz que Lula é parceiro das oligarquias e mente sem ruborizar
Em seu último comício, tucano ironiza aliança de petista com Sarney e Delfim Netto: "Poxa, como mudou"
Candidato fez ato para cerca de 8 mil pessoas no Vale do Aganhabaú, onde Covas fez campanha à Presidência em 1989 e palco das Diretas Já
CATIA SEABRA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
O candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, insistiu ontem no discurso de que
Luiz Inácio Lula da Silva passou por uma mudança no poder. Chamando o petista de arrogante, o tucano ironizou:
"É impressionante como não
fica vermelho quando mente.
Falar contra as oligarquias, que
as oligarquias são contra ele, do
lado do Sarney?", alfinetou
Alckmin, acrescentando: "O
mentor do Lula é o Delfim Netto [ex-ministro de governos
militares], o homem que assinou o AI-5, que disse que era
para cassar o Mario Covas. O
Lula do avanço virou parceiro
das oligarquias, como é o Sarney. Poxa, como mudou".
Já no palanque do comício
realizado ontem à noite no Vale
do Anhangabaú, no centro de
São Paulo, Alckmin voltou ao
assunto, lembrando que Delfim
estava na primeira fila de aliados de Lula durante o debate da
TV Record. Ele também explorou os escândalos que abalaram
o governo Lula, numa demonstração da tônica do debate de
amanhã na TV Globo. Segundo
ele, "o partido da ética virou defensor da mentira política". "O
PT e o governo Lula viraram
um código penal ambulante.
Governo da crise, onde um escândalo sucede o outro."
Um dos palcos da campanha
das Diretas Já, em 1984, o Vale
do Anhangabaú também foi escolhido por ter abrigado o comício de Covas pela Presidência, em 1989. O ato reuniu
8.000 pessoas, segundo a PM.
O governador eleito de São
Paulo, José Serra, fez discurso
bem mais moderado, sem menção direta à crise ética do PT.
Serra limitou-se a sugerir que,
no corpo-a-corpo, os militantes
comparassem as companhias
dos dois candidatos à Presidência. "Em política, não basta a
pessoa. É preciso olhar o time.
Vamos fazer essa comparação
para todo mundo", sugeriu.
Serra foi mais duro ao comentar as críticas do PT ao processo de privatização durante o
governo FHC. O governador
eleito disse que ficava muito irritado com a estratégia.
"Mostra o padrão de mentiras com que os adversários trabalham em relação à questão da
privatização", disse ele.
Ânimo
No palanque, os presidentes
do PSDB, Tasso Jereissati (CE),
do PPS, Roberto Freire (PE), e
do PFL, Jorge Bornhausen
(SC), se esforçavam para dar
ânimo à campanha. Tasso brincou ao comentar a declaração
de Lula, de que deixará de bater
no tucanato após a eleição.
"Quando chegar ao Palácio do
Planalto, o Alckmin vai adorar
se o PT não bater nele".
Questionado sobre o resultado das pesquisas, Bornhausen
afirmou: "Os números poderiam ser melhores". O PFL se
reúne na terça-feira para discutir qual estratégia adotará em
relação ao futuro governo.
Na chegada ao comício, no
início da noite, o clima era de
abatimento. "Temos que trabalhar", disse Emanuel Fernandes. O deputado federal eleito
Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT), presidente da Força Sindical, disse que considerava difícil a situação de Alckmin. "Ele parece até um herói,
enfrentando adversários e amigos", disse ele. Roberto Freire
afirmou que, "por w.o.", Lula
não ganhará.
Após o comício, Alckmin se
reuniu com Serra na prefeitura.
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