São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

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Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Tá na mesa

A partir desta semana, Lula vai se reunir com os ministros políticos -leia-se, representantes dos partidos da base na Esplanada- para tratar das feridas eleitorais e, mais importante, administrar o apetite do PMDB, revigorado pelo desempenho nas urnas. O PT resistirá. "A matemática dos ministérios não tem relação com o número de prefeitos, e sim com a força no Congresso", diz um assessor do presidente.
Mas todos sabem que será preciso dar de comer ao PMDB. Logo de saída, para desenroscar a eleição das Mesas do Congresso, em fevereiro. O partido rejeita abrir mão da presidência do Senado, dificultando a eleição do correligionário Michel Temer na Câmara (acertada com o PT dois anos atrás). Lula não topa o PMDB no comando das duas Casas.



Cardápio. Lula tem manifestado preocupação com a eleição das Mesas. Diretorias de estatais, principalmente do setor elétrico, serão oferecidas para sensibilizar os peemedebistas do Senado. Renan Calheiros deve ficar com uma.

Cubo mágico. Fala-se até em, se a necessidade apertar, oferecer ao PMDB mais um ministério, como o do Turismo. Só que nessa cadeira o PT sonha instalar um de seus prefeitos em fim de mandato. Sem falar no fato de que o atual ocupante, Luiz Barretto, sucessor de Marta Suplicy, não tem intenção de sair.

Sermão. Em suas conversas com os ministros, Lula pedirá que mantenham os ressentimentos pós-eleitorais "no plano local". Fará um apelo para que convençam suas bancadas a aprovar matérias de interesse do governo, a começar da MP anticrise.

Vila Sésamo. A confusão com o nome do presidente do Senado, chamado de "José" Garibaldi Alves no evento dos 20 anos da Constituição, não foi a primeira em cerimônias no Palácio do Planalto. Ali, o locutor costuma referir-se a ele como "Garibaldo".

Aqui se paga. No PT, aposta-se que o grupo de Marta Suplicy não tardará a apoiar Gilberto Carvalho caso este concorra mesmo à presidência do PT. O chefe-de-gabinete de Lula não faltou à ex-prefeita mesmo quando a campanha já descia a ladeira.

Tudo de novo. A batalha de 2008 mal acabou, e os tucanos de São Paulo já divergem sobre o candidato à sucessão de José Serra, caso este dispute a Presidência. Gilberto Kassab (a despeito de suas reiteradas negativas) e Geraldo Alckmin são os nomes mais mencionados.

Palavra mágica 1. No entorno de Aécio Neves, formou-se a convicção de que o vento em BH começou a virar no instante em que o governador foi a público dizer que, em caso de vitória de Leonardo Quintão (PMDB), assumiria tranqüilamente sua derrota.

Palavra mágica 2. Ali o balão de Quintão começou a murchar porque, sem prejuízo de seu entusiasmo passageiro pelo jovem deputado, o eleitor da capital mineira jamais quis derrotar Aécio.

Cigarra e formiga. Já os petistas instalados na administração de BH acusam Aécio de surfar na recuperação de Marcio Lacerda (PSB) depois de ter submergido durante a hora difícil da candidatura. "Ele tem prestígio, mas nós temos a máquina e os votos", diz um aliado do prefeito Fernando Pimentel.

Livre-pensar. Desenho esboçado na prancheta pós-eleitoral do Rio: o governador Sérgio Cabral (PMDB) consegue a vaga de vice na chapa presidencial de Dilma Rousseff (PT), em troca de patrocinar o petista Lindberg Farias, prefeito reeleito de Nova Iguaçu, para sua sucessão.

Pleno emprego. Menos de uma semana depois de perder a disputa na cidade gaúcha de Rio Grande, o petista Dirceu Silva Lopes foi nomeado secretário-adjunto do Ministério da Pesca, cargo que já havia ocupado no passado.

Fã. Antes mesmo da MP que deu superpoderes à Caixa, Hugo Chávez já admirava a instituição brasileira, que serve de modelo a um projeto de banco oficial na Venezuela. "Agora deve estar felicíssimo", diz um auxiliar de Lula.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO

Tiroteio

"O governador Serra diz ter soluções para tudo, notadamente para a economia, mas é incapaz de resolver a greve da Polícia Civil."

Do líder do PT na Assembléia, ROBERTO FELÍCIO , sobre as críticas do tucano, que há mais de um mês enfrenta paralisação dos policiais, à operação de "swap" cambial feita pelo BC.

Contraponto

Canelada

Em Moçambique, Lula encontrou um grupo de garotos e perguntou a um deles qual era seu jogador de futebol favorito. O menino disse que era Ronaldinho.
-O gorducho ou o de trancinhas?
-O de trancinhas.
-E você acha que Moçambique um dia poderá vencer o Brasil?
Para desalento do presidente, a resposta veio franca e direta:
-Claro! Pelo que vi na TV, isso poderia acontecer hoje!
Na véspera, o Brasil havia empatado sem gols -e em casa- com a fraca seleção colombiana.


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