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Maior terra grilada do país segue ocupada
Apesar de decisão da Justiça, PF alega falta de logística para atuar em área do Pará que equivale a 34 cidades de São Paulo
Em março de 2007, Justiça determinou a desocupação de fazenda da CR Almeida; advogado afirma que grupo saiu, mas delegado contesta
BRENO COSTA
DA AGÊNCIA FOLHA
Um ano e sete meses depois
de a Justiça ter determinado a
desocupação de uma área no
Pará equivalente a 34 cidades
de São Paulo, a Polícia Federal
ainda não cumpriu o mandado
referente à fazenda Curuá, do
grupo do empresário Cecílio do
Rego Almeida, morto em março deste ano.
A área de 4,7 milhões de hectares abrange três terras indígenas, além de unidades de
conservação, e é considerada
pelo Ministério Público a
maior área grilada do Brasil.
A Polícia Federal de Altamira
(829 km de Belém) diz que ainda não tem previsão de quando
cumprirá o mandado, expedido
em 15 de março de 2007. O órgão diz que depende de reforço
logístico para chegar à região e
expulsar eventuais ocupantes
ilegais das terras.
Segundo a PF, o mandado é
um dos 11 que aguardam a vez
na unidade de Altamira. O órgão também está às voltas com
a Operação Arco de Fogo, iniciada em fevereiro deste ano
para coibir o desmatamento na
região da Amazônia.
Dos 11 mandados, segundo o
núcleo de operações da PF, cinco serão cumpridos até semana
que vem. A área da CR Almeida
não foi incluída na lista.
Francineide Amaral, advogada do grupo, diz que a fazenda
Curuá foi desocupada voluntariamente pela empresa Incenxil (uma das integrantes do grupo) em setembro de 2005, depois de uma decisão liminar em
outro processo, conduzido pela
Justiça Federal em Santarém.
Segundo o delegado da Polícia Federal Alecsander Frederich, o discurso da empresa é
recorrente. "Eles argumentam
sempre isso, que a desocupação
foi voluntária, que não tem necessidade de a polícia ir até lá,
quando, na verdade, a desocupação nunca aconteceu", afirmou Frederich
Um relatório de missão do
Ibama datado de setembro de
2007, ao qual a Folha teve
acesso, mostra que uma das
empresas do grupo CR Almeida continuava atuando em uma
área cuja desocupação havia sido determinada pela Justiça
dez meses antes.
Segundo o relatório, dois
prepostos da empresa foram
flagrados com uma motosserra, desmatando dois hectares
de uma área de preservação
permanente.
Uma das determinações da
Justiça Federal em março passado foi oficiar órgãos federais
e estaduais para que controlassem novas ocupações ilegais.
O Iterpa (Instituto de Terras
do Pará), dono de 676 mil hectares na área, ainda não fez nada para garantir sua desocupação. A Funai afirmou que, mesmo antes da sentença, as reservas indígenas na região não estavam ocupadas.
O Ibama diz que, apesar de
dificuldades relativas a logística, vem conseguindo fazer um
controle das unidades de conservação criadas na região .
Via assessoria de imprensa, o
Incra (Instituto Nacional da
Colonização e Reforma Agrária) afirmou que "está realizando um levantamento a respeito
da área".
Colaborou JOÃO CARLOS MAGALHÃES , da
Agência Folha, em Belém
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