São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2000

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PAINEL

Bala perdida
O estoque de "dossiês" de ACM parece inesgotável. Os amigos do pefelista hoje estão excitados com os volumes sobre Ricardo Sérgio de Oliveira, ex-diretor do Banco do Brasil que mandava e desmandava na Previ. É o velho modo carlista de pressionar o governo.

Território tucano
Ricardo Sérgio é o burocrata que pronunciou a frase "estamos no limite da nossa responsabilidade", em conversa com o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros captada pelo grampo do BNDES. Referia-se à participação do Banco do Brasil e da Previ no leilão das teles.

Monte de papel
Os "dossiês" de ACM, no entanto, nem sempre têm o poder de fogo que o pefelista apregoa. Frequentemente não passam de recortes de jornais. Ninguém esquece o constrangimento pelo qual passou quando Itamar o atendeu com a imprensa para receber uma papelada contra o seu governo. Não havia nada.

Franco-atirador
Além de dossiês, ACM ameaça romper o isolamento que o Planalto tenta lhe impor aliando-se a Ciro Gomes (PPS), via Tasso Jereissati. O pré-candidato do PPS já disse que dispensa o apoio do PFL, mas o cacique está convencido de que ele não dispensará os votos da Bahia.

Telhado de vidro
O maior temor do Planalto é que a crise entre os aliados no Congresso forneça combustível para a criação de CPIs até agora evitadas. A lista de pendências é enorme. Vai do grampo do BNDES ao caixa-dois da campanha eleitoral de FHC.

Amigo das horas difíceis
Sarney disse, finalmente, que é candidato a presidente do Senado. Mas avisou a oposição de que só entrará na disputa no plenário se puder contar com seus votos. O deputado Aloizio Mercadante é um dos que defendem seu nome internamente no PT.

Não custa conferir...
A Justiça Federal de SP decide até terça-feira se dá liminar em ação popular que quer testar todas as urnas do Estado, reprocessando os dispositivos que guardam programas e resultados das eleições de outubro.

...o produto tupiniquim
Em meio à badalação da nossa urna durante o malogro das apurações nos EUA, pode ser a prova definitiva da confiabilidade ou não da engenhoca.

Outro ambiente
Jorge Wilheim, futuro secretário de Planejamento Urbano de Marta Suplicy, foi o autor, nos anos 70, de um frustrado projeto de condomínio vertical de luxo no santuário ecológico da Juréia, em SP. O arquiteto trombou com petistas e ecologistas.

Coerência ideológica
O PSDB trabalha para que a Câmara paulistana aprove uma margem de remanejamento de apenas 1% para Marta no Orçamento de 2001. Na Assembléia, no entanto, a história é outra. O tucanato defende pelo menos 17% para Mário Covas.

"Mea culpa"
O presidente do STJ, Paulo Costa Leite, entende que os juízes brasileiros, ao contrário dos italianos, não têm muito preparo para colocar na cadeia criminosos do colarinho branco.

Autocrítica externa
Costa Leite disse que a legislação brasileira é branda nos casos de crime financeiro. E que é preciso preparar os juízes e o Ministério Público para combater a criminalidade organizada. Falou isso para a rádio Voz da América, em Washington.

Efeito colateral
O governo do Acre identificou novas rotas do narcotráfico no Estado após o início da Operação Colômbia. Jorge Viana (PT) está preparando um relatório detalhado para entregar ao general Alberto Cardoso (Segurança Institucional).

TIROTEIO
De Inocêncio Oliveira (PFL-PE), sobre o apoio do líder tucano Sérgio Machado (CE) a Jader Barbalho, no Senado, em troca do apoio do PMDB a Aécio Neves, na Câmara:
- Eu tenho mais votos na bancada do PSDB do que o senador Sérgio Machado. Pode apostar.

CONTRAPONTO
Marinheiro de primeira viagem

Lula esteve na semana passada em Brasília para receber o título de cidadão honorário da cidade.
O evento serviu para Lula se lembrar da primeira vez que viajou de avião, justamente de SP para Brasília, nos anos 70, trecho que se tornaria corriqueiro mais tarde na sua vida.
Lula dava os primeiros passos no sindicalismo e foi a Brasília participar de um congresso. Os sindicalistas mais antigos não tiveram pena do calouro.
- A viagem é horrível! Balança muito e os passageiros ficam o tempo todo enjoados.
Ao vestir um paletó surrado, Lula não hesitou: encheu todos os bolsos com lenços. Não tomou o café da manhã para não sentir enjôo durante o vôo. A bordo, recusou a comida:
- Não quero nada, obrigado - dizia, morrendo de fome.
Só ao desembarcar em Brasília Lula se deu conta. Fora vítima de uma peça dos companheiros.


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