São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2000

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COTIDIANO
Engenheiro que matou garoto de 11 anos perdeu a visão de um olho e está em estado grave; motim continua
Rebelião em prisão de Taubaté deixa 1 morto e 7 feridos

CAROLINA FARIAS
MARIA TERESA MORAES

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Os 310 presos da Cadeia Pública de Taubaté iniciaram uma rebelião na madrugada de ontem, por volta das 4h, que destruiu as 20 celas da unidade, feriu sete e provocou a morte de um detento.
A rebelião começou quando alguns presos dominaram os carcereiros de plantão e tentaram empreender uma fuga em massa, que foi contida a tiros pelos policiais de plantão -anexo à cadeia, funciona o 1º Distrito Policial.
Quatro presos fugiram, e dois já foram recapturados pela polícia. Com a fuga em massa frustrada, três carcereiros e um agente policial foram feitos reféns.
Os rebelados, que controlam toda a parte da cadeia onde estão as celas, exigem a transferência de 80 presos para presídios da Coespe (Coordenadoria dos Estabelecimentos Penitenciários do Estado de São Paulo).
O diretor da cadeia, Francisco Amêndola Neto, disse que a unidade, que abriga 310 detentos, tem capacidade para 80 presos.
Até as 15h30 de ontem, os reféns não haviam sido libertados.
Segundo o padre Afonso Lobato, da Pastoral Carcerária, que está intermediando a negociação, os reféns estão bem, mas os presos afirmam que o número de mortos na cadeia pode chegar a três.
Os rebelados estão armados com facas, estiletes e armas improvisadas e destruíram toda a instalação elétrica e hidráulica da cadeia.
Após o início da rebelião, grupos rivais se enfrentaram e sete presos foram esfaqueados. Quatro deles já foram atendidos pelo Pronto-Socorro de Taubaté, liberados e levados de volta à cadeia, onde ficaram em local isolado.
A única morte confirmada até agora é a de Daniel Silva Botelho, que cumpria pena por tráfico de drogas e roubo. Ele foi morto dentro de uma das celas.
O engenheiro Lúcio Fernando Arena de Assis, 37, preso há uma semana acusado de matar a pauladas um garoto de 11 anos, filho de sua ex-namorada, foi levado para o Pronto-Socorro Municipal gravemente ferido após ter sido espancado pelos detentos.
Segundo o delegado-seccional de Taubaté, Roberto Martins de Barros, o engenheiro, que foi transferido para o Hosic (Hospital Santa Isabel de Clínicas), está com politraumatismo craniano e perdeu a visão de um olho.
As negociações com os presos estão sendo feitas pela juíza-corregedora Sueli Armani Zeraik, pela direção da cadeia e pelo delegado-seccional.
Segundo o 5º Batalhão da Polícia Militar de Taubaté, 80 policiais estão participando da operação, divididos em pelotão de choque, radiopatrulha e canil
Às 14h30, a juíza afirmou que havia conseguido 50 vagas em unidades da Coespe para a transferência de presos.


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