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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PRESIDENTE
Presidente afirma que na eleição "vale tudo", mas que momento é de "tranqüilidade"
Lula pede "juízo" à oposição e diz que nunca atacou ninguém
EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A ARNEIROZ (CE)
Após afirmar que nunca atacou
seus adversários, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva cobrou
ontem "juízo" daqueles que, segundo ele, "exageram" ao provocar o acirramento das disputas
diante da crise política iniciada sete meses atrás. Segundo o presidente, o país precisa de "tranqüilidade" neste momento para que a
economia continue crescendo
nos próximos anos.
"Eu nunca ataquei ninguém, eu
nunca ataquei ninguém. Eu acho
que quem está exagerando sabe
que está exagerando. E as pessoas
que quiserem brigar que briguem", afirmou o presidente, depois de ter sido questionado se
desejava uma redução na intensidade dos ataques entre base aliada e oposição.
As declarações do presidente foram dadas em rápida entrevista
em Arneiroz (a 475 km de Fortaleza), que visitou para inaugurar
uma barragem.
Cercado por seguranças e com a
roupa ensopada por conta do calor de cerca de 35C, Lula disse
que o país precisa de "tranqüilidade". "Agora as pessoas têm que
saber que o povo brasileiro, neste
momento, precisa de tranqüilidade, porque o país está crescendo."
Ao final, questionado se tal afirmação seria um pedido de trégua
à oposição, disse: "Eu só peço juízo às pessoas".
Na fala de improviso num palanque erguido às margens do rio
Jaguaribe e da barragem -que
estava concluída havia cinco meses-, Lula voltou a tratar do tema. Trocou elogios com o governador tucano Lúcio Alcântara
(CE) e disse que "este é o momento de pensar no Brasil", independentemente, segundo ele, do partido de governadores e prefeitos.
Alcântara elogiou Lula e o ministro Ciro Gomes (Integração
Nacional), também presente, afirmando que os dois são "corajosos
e obstinados". Ciro comparou
Lula ao presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976).
No discurso, Lula fez referências
indiretas à crise e às eleições de
2006. "A hora da disputa é a hora
da eleição. Isso é como jogo de futebol, vale empurrar, vale falta,
vale tudo. Acabou o jogo, a gente
volta a ser amigo e vamos pensar
no país", declarou, arrancando
aplausos dos cerca de 1.500 presentes ao evento.
Entre eles estavam vários políticos, incluindo o deputado estadual José Guimarães, irmão do
ex-presidente do PT José Genoino
e ex-chefe de José Adalberto Vieira da Silva, preso no aeroporto de
Congonhas, em julho, quando
tentava embarcar para Fortaleza
com R$ 200 mil numa mala e US$
100 mil sob a cueca.
São Francisco
Lula afirmou que é uma decisão
de governo a realização das obras
de transposição do rio São Francisco. Por conta de uma liminar
na Justiça Federal da Bahia, as
obras estão embargadas. Além
disso, há um agravante: o Planalto
prometeu retomar os debates sobre o projeto ao negociar com o
bispo de Barra (BA), dom Luiz
Flávio Cappio, que fez uma greve
de fome contra a transposição.
"Em vez de ficar nervosos com a
divergência, vamos debater. Haverá muitos recursos na Justiça,
vai ter ganho, vai ter perda, mas
nós vamos fazer. O povo do Brasil
precisa disso. Nós temos a decisão
de fazer, e nós vamos fazer. É uma
decisão de governo", disse.
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