São Paulo, sábado, 26 de novembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ O PRESIDENTE

Presidente afirma que na eleição "vale tudo", mas que momento é de "tranqüilidade"

Lula pede "juízo" à oposição e diz que nunca atacou ninguém

EDUARDO SCOLESE
ENVIADO ESPECIAL A ARNEIROZ (CE)

Após afirmar que nunca atacou seus adversários, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou ontem "juízo" daqueles que, segundo ele, "exageram" ao provocar o acirramento das disputas diante da crise política iniciada sete meses atrás. Segundo o presidente, o país precisa de "tranqüilidade" neste momento para que a economia continue crescendo nos próximos anos.
"Eu nunca ataquei ninguém, eu nunca ataquei ninguém. Eu acho que quem está exagerando sabe que está exagerando. E as pessoas que quiserem brigar que briguem", afirmou o presidente, depois de ter sido questionado se desejava uma redução na intensidade dos ataques entre base aliada e oposição.
As declarações do presidente foram dadas em rápida entrevista em Arneiroz (a 475 km de Fortaleza), que visitou para inaugurar uma barragem.
Cercado por seguranças e com a roupa ensopada por conta do calor de cerca de 35C, Lula disse que o país precisa de "tranqüilidade". "Agora as pessoas têm que saber que o povo brasileiro, neste momento, precisa de tranqüilidade, porque o país está crescendo." Ao final, questionado se tal afirmação seria um pedido de trégua à oposição, disse: "Eu só peço juízo às pessoas".
Na fala de improviso num palanque erguido às margens do rio Jaguaribe e da barragem -que estava concluída havia cinco meses-, Lula voltou a tratar do tema. Trocou elogios com o governador tucano Lúcio Alcântara (CE) e disse que "este é o momento de pensar no Brasil", independentemente, segundo ele, do partido de governadores e prefeitos.
Alcântara elogiou Lula e o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional), também presente, afirmando que os dois são "corajosos e obstinados". Ciro comparou Lula ao presidente Juscelino Kubitschek (1902-1976).
No discurso, Lula fez referências indiretas à crise e às eleições de 2006. "A hora da disputa é a hora da eleição. Isso é como jogo de futebol, vale empurrar, vale falta, vale tudo. Acabou o jogo, a gente volta a ser amigo e vamos pensar no país", declarou, arrancando aplausos dos cerca de 1.500 presentes ao evento.
Entre eles estavam vários políticos, incluindo o deputado estadual José Guimarães, irmão do ex-presidente do PT José Genoino e ex-chefe de José Adalberto Vieira da Silva, preso no aeroporto de Congonhas, em julho, quando tentava embarcar para Fortaleza com R$ 200 mil numa mala e US$ 100 mil sob a cueca.

São Francisco
Lula afirmou que é uma decisão de governo a realização das obras de transposição do rio São Francisco. Por conta de uma liminar na Justiça Federal da Bahia, as obras estão embargadas. Além disso, há um agravante: o Planalto prometeu retomar os debates sobre o projeto ao negociar com o bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, que fez uma greve de fome contra a transposição.
"Em vez de ficar nervosos com a divergência, vamos debater. Haverá muitos recursos na Justiça, vai ter ganho, vai ter perda, mas nós vamos fazer. O povo do Brasil precisa disso. Nós temos a decisão de fazer, e nós vamos fazer. É uma decisão de governo", disse.


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