KAMILA FERNANDES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu que a União priorize regiões mais pobres na hora de investir, em solenidade em Fortaleza ontem, para anunciar recursos para grandes obras no Nordeste. Disse que isso não acontece por causa da "mediocridade política do Brasil".
"Essas coisas não acontecem no Brasil, e quero pedir desculpas, se alguém se sentir ofendido, pela mediocridade política do Brasil. Pela mediocridade de uma classe política, em que boa parte não consegue pensar no país nem um minuto depois do seu mandato."
Em entrevista nesta semana, Lula admitiu ser candidato à reeleição, mas recuou e disse que cometera um lapso. Ontem, levantou a hipótese de não continuar no governo: "Quando a gente planta uma árvore, não necessariamente temos que chupar o fruto. Outros que virão depois poderão ser os beneficiários. Mas tivemos a coragem de plantar, mesmo sabendo que não íamos chupar o fruto".
Ao relatar a conversa com o presidente dos EUA, George W. Bush, Lula chamou a residência oficial da Presidência de "minha casa": "No almoço que tive com o Bush na minha casa, 90% da conversa era sobre o biodiesel, porque os americanos estão preocupados com o petróleo e querem produzir o biodiesel. Disse: olha, nós temos terra, sol, água, gente boa para trabalhar, não temos furacão, não temos neve, maremoto nem terremoto, aqui é paz e amor este país, aqui pode investir".
Lula esteve em Fortaleza para anunciar investimentos no metrô da cidade, na construção de uma siderúrgica no Ceará e na ferrovia Transnordestina. Ele disse que o país vive uma boa fase, mas há quem torça pelo fracasso.
Coube ao ministro Ciro Gomes (Integração Nacional) afirmar que não há desavenças entre ministros. "Na nossa equipe não tem desavença, é tudo intriga e boato da imprensa, a serviço da canalha da UDN", disse. Ciro elogiou a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), a quem chamou de "xerifa".


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