São Paulo, domingo, 26 de novembro de 2006

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Lula pede ao PT que não crie problemas

Em reunião do diretório, presidente diz que partido precisa voltar a ser exemplo para o país e pede mais fiscalização interna

Em seu discurso, presidente nega que vá se distanciar da legenda e afirma que fará "um segundo governo tão bom que até o PT vai gostar"

FÁBIO ZANINI
EM SÃO PAULO

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em um discurso repleto de críticas, alfinetadas e recados ao PT, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse a seu partido, hoje apreensivo com o espaço que terá no governo, que este não é o momento de discutir o assunto e fez um apelo aos petistas: não criem problemas.
"Para mim não tem essa discussão se vai ter mais PT ou menos PT, mais PMDB ou menos PMDB, mais PL ou menos PL. Vamos discutir isso no momento apropriado. Não podemos aceitar essas divergências que tentam colocar entre nós."
Lula disse que o partido precisa voltar a ser "um exemplo" para o país: "O PT cresce em momentos de crise. Mas se não tivéssemos cometido os erros que foram cometidos, chegaríamos muito mais fortes até aqui. O PT precisa voltar a ser exemplo neste país". Foi a primeira vez em que Lula se dirigiu a seu partido desde que se reelegeu. Ao auditório lotado de militantes, governadores, ministros e integrantes do Diretório Nacional, disse que não vai mais tolerar erros: "Precisamos nos fiscalizar mais. Eu sei o sofrimento desse povo mais humilde conosco. Mesmo assim, não nos abandonou".
Na tentativa de tranqüilizar seus inquietos colegas de partido, Lula disse que não há risco de ele se distanciar do PT. "Como vou sair do PT se o PT não sai de mim?" O presidente chegou até a dar uma dica sobre como minimizar diferenças. Após reuniões fechadas, só uma pessoa deve falar com a imprensa: "Se só um falar, a chance de a gente errar é muito menor".
Lula provocou gargalhadas ao abordar um dos temas mais delicados de seu primeiro mandato: o "fogo amigo" de seu partido contra o governo: "Estou convencido de que vou fazer um segundo governo tão bom que até o PT vai gostar".
Aos adversários, Lula mesclou afagos e torpedos. Disse que a oposição "é importante para a democracia" e pediu o fim "dessa coisa maluca, essa guerra sem fim": "Teremos um outro clima político no Brasil, dentro do próprio Congresso Nacional". Mas criticou duramente a aprovação, pelo Senado, de um "13º salário" para beneficiados do Bolsa Família, chamando a idéia de "ridícula".
Ele pediu ao partido que guarde energia para "brigar com quem quiser atrapalhar a construção do nosso projeto" e disse que é preciso desatar "nós de marinheiro" que travam o desenvolvimento. "Há uma burocracia instituída em 118 anos de República que vai se aperfeiçoando cada vez mais."
Em resposta às críticas de ecologistas de que seu governo estaria subestimando riscos ambientais para promover o desenvolvimento, Lula se defendeu: "Pegamos um Ibama que não tinha nem sequer funcionários para fiscalizar os parques que nós transformamos em reserva ecológica". Prometeu discutir a questão da Previdência, mas descartou uma reforma. "Toda vez que se fala da reforma da Previdência eu fico com a orelha em pé. Mas a cada geração temos que discuti-la."


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