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Lula pede ao PT que não crie problemas
Em reunião do diretório, presidente diz que partido precisa voltar a ser exemplo para o país e pede mais fiscalização interna
Em seu discurso, presidente nega que vá se distanciar da
legenda e afirma que fará "um segundo governo tão
bom que até o PT vai gostar"
FÁBIO ZANINI
EM SÃO PAULO
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em um discurso repleto de
críticas, alfinetadas e recados
ao PT, o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva disse a seu partido, hoje apreensivo com o espaço que terá no governo, que este não é o momento de discutir
o assunto e fez um apelo aos petistas: não criem problemas.
"Para mim não tem essa discussão se vai ter mais PT ou
menos PT, mais PMDB ou menos PMDB, mais PL ou menos
PL. Vamos discutir isso no momento apropriado. Não podemos aceitar essas divergências
que tentam colocar entre nós."
Lula disse que o partido precisa voltar a ser "um exemplo"
para o país: "O PT cresce em
momentos de crise. Mas se não
tivéssemos cometido os erros
que foram cometidos, chegaríamos muito mais fortes até
aqui. O PT precisa voltar a ser
exemplo neste país". Foi a primeira vez em que Lula se dirigiu a seu partido desde que se
reelegeu. Ao auditório lotado
de militantes, governadores,
ministros e integrantes do Diretório Nacional, disse que não
vai mais tolerar erros: "Precisamos nos fiscalizar mais. Eu sei o
sofrimento desse povo mais
humilde conosco. Mesmo assim, não nos abandonou".
Na tentativa de tranqüilizar
seus inquietos colegas de partido, Lula disse que não há risco
de ele se distanciar do PT. "Como vou sair do PT se o PT não
sai de mim?" O presidente chegou até a dar uma dica sobre como minimizar diferenças. Após
reuniões fechadas, só uma pessoa deve falar com a imprensa:
"Se só um falar, a chance de a
gente errar é muito menor".
Lula provocou gargalhadas
ao abordar um dos temas mais
delicados de seu primeiro mandato: o "fogo amigo" de seu partido contra o governo: "Estou
convencido de que vou fazer
um segundo governo tão bom
que até o PT vai gostar".
Aos adversários, Lula mesclou afagos e torpedos. Disse
que a oposição "é importante
para a democracia" e pediu o
fim "dessa coisa maluca, essa
guerra sem fim": "Teremos um
outro clima político no Brasil,
dentro do próprio Congresso
Nacional". Mas criticou duramente a aprovação, pelo Senado, de um "13º salário" para beneficiados do Bolsa Família,
chamando a idéia de "ridícula".
Ele pediu ao partido que
guarde energia para "brigar
com quem quiser atrapalhar a
construção do nosso projeto" e
disse que é preciso desatar "nós
de marinheiro" que travam o
desenvolvimento. "Há uma burocracia instituída em 118 anos
de República que vai se aperfeiçoando cada vez mais."
Em resposta às críticas de
ecologistas de que seu governo
estaria subestimando riscos
ambientais para promover o
desenvolvimento, Lula se defendeu: "Pegamos um Ibama
que não tinha nem sequer funcionários para fiscalizar os parques que nós transformamos
em reserva ecológica". Prometeu discutir a questão da Previdência, mas descartou uma reforma. "Toda vez que se fala da
reforma da Previdência eu fico
com a orelha em pé. Mas a cada
geração temos que discuti-la."
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