São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Próximo Texto | Índice

Painel

RENATA LO PRETE - painel@uol.com.br

Só para a saída

Os R$ 40 milhões inicialmente anunciados pelo governo federal não serão suficientes nem para reconstruir as estradas de Santa Catarina. A avaliação de que será preciso muito mais dinheiro para combater o desastre causado pelas chuvas é feita tanto em Brasília quanto no gabinete do governador Luiz Henrique (PMDB). No porto de Itajaí, por exemplo, dois dos quatro berços foram simplesmente levados pela enxurrada e um terceiro sofreu sérias avarias.
Em sintonia com o governador, a senadora Ideli Salvatti (PT) negocia no Planalto a liberação do Fundo de Garantia dos desabrigados. "Isso já foi feito no passado. Só que desta vez precisa ser mais depressa."



Vai... Desde o final da semana passada, Lula já telefonou várias vezes para Luiz Henrique. Ontem, o presidente disse ao governador que não descarta ir a Santa Catarina.

...ou não vai? O Planalto, porém, alega que a agenda de Lula está tomada por sucessivos encontros com chefes de governo em visita ao Brasil. Ontem foi a vez do presidente russo, Dmitri Medvedev.

Sortido. Enquanto Lula não aparece, ministros em série vão a Santa Catarina. Depois de Geddel Vieira Lima (Integração), Jorge Felix (Segurança Institucional) e Altemir Gregolin (Pesca), hoje inspecionarão os estragos José Gomes Temporão (Saúde) e Márcio Fortes (Cidades).

Mata fechada. Quem sobrevoa as rodovias catarinenses descreve um cenário de "reflorestamento do asfalto": há trechos em que o morro desceu e, com ele, as árvores, que agora estão em pé onde antes trafegavam os carros.

Vista grossa 1. A Comissão de Orçamento deve liberar recursos para a construção do terceiro terminal do aeroporto internacional de Guarulhos, que consta da "lista suja" do TCU. Resolução do Congresso proíbe que mais dinheiro seja despejado em obras com indícios de irregularidades, mas a comissão tem o poder de abrir exceções.

Vista grossa 2. Os congressistas devem se dobrar à pressão da Infraero e da bancada do PSDB, por sua vez pressionada pelo governo paulista. A previsão inicial é de R$ 259 milhões para o terceiro terminal de Guarulhos no Orçamento de 2009. Outras 21 obras problemáticas do Dnit, a maioria incluída no PAC, podem ser beneficiadas pelo sinal verde da comissão.

Quem sabe? O governo ainda não esgotou o arsenal de concessões para atrair ao menos parte da oposição a seu projeto de reforma tributária. Por isso, a ordem ontem era ganhar tempo, adiando para a próxima semana a votação no plenário da Câmara.

Esqueça. Mas, entre os próprios líderes da base, existe quem já tenha jogado a toalha: haveria "coisa demais para ser ajustada" no relatório de Sandro Mabel (PR-GO), inviabilizando a votação neste ano.

Doméstico. Mais do que as críticas enfáticas do governo paulista ao relatório, os líderes do governo temem uma rebelião do PMDB caso a Fazenda consiga derrubar o novo Refis e a prorrogação por 20 anos da Zona Franca de Manaus, bandeiras da sigla.

Contratado. Integrantes da CPI dos Grampos avaliam que, mesmo esvaziado, o depoimento do araponga Nery Kluwe contribuirá para o indiciamento de Paulo Lacerda. O diretor afastado da Abin é acusado de ter autorizado a participação de agentes na Operação Satiagraha.

Honra ao mérito. A Assembléia Legislativa de Minas Gerais condecorou Antério Mânica, prefeito de Unaí (MG) e um dos suspeitos de ter participado da chacina de fiscais do trabalho na cidade quatro anos atrás. A razão foram seus "serviços ou méritos excepcionais" em 2008.

Armistício. Márcio Lacerda (PSB) tem marcada para amanhã audiência com Patrus Ananias em Brasília. O ministro do Desenvolvimento Social foi o principal opositor do apoio ao PT ao agora prefeito eleito de Belo Horizonte.

com FÁBIO ZANINI e SILVIO NAVARRO



Tiroteio

"Demorou foi para a oposição vir pisar no barro aqui. Não vi nenhum desses gargantas em Santa Catarina nos últimos dias."
Da senadora IDELI SALVATTI (PT-SC), sobre seus adversários do DEM, que apontam demora na ajuda federal às vítimas da chuva no Estado.



Contraponto

Não é biscoito

Em debate sobre a reforma tributária, o deputado Albano Franco (PSDB-SE) pediu a palavra para, na contramão da maioria dos participantes, defender os incentivos fiscais. Diante do constrangimento geral, ele ofereceu um exemplo para sustentar sua argumentação:
-Quando eu era governador de Sergipe, nós conseguimos, usando esse mecanismo, atrair um grande investimento para o Estado: uma fábrica das rosquinhas Mabel!
Dono da empresa e relator da matéria, o deputado Sandro Mabel (PR-GO) só conseguiu dar um sorriso amarelo.


Próximo Texto: Novo inquérito no STF apura desvios na central de Paulinho
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.