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Câmara aprova PEC que muda tramitação de MPs no Congresso
Texto-base é aprovado por 363 votos contra 50, mas ainda faltam ser votados 12 destaques que podem alterar emenda
Presidente da Câmara diz que resultado mostra que hoje existe consenso de que é preciso alterar o trâmite das medidas provisórias
MARIA CLARA CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Câmara aprovou ontem a
PEC (proposta de emenda
constitucional) que altera a tramitação das medidas provisórias no Congresso. Com o apoio
de parte da oposição, a base
aliada conseguiu aprovar o texto-base da proposta por 363 votos favoráveis e 50 contrários.
A medida provisória é um
dos recursos do presidente da
República mais criticados por
integrantes do Legislativo e do
Judiciário por ser responsável
pelo "engessamento" do Congresso. Pelo texto-base da PEC,
o "trancamento de pauta"
-quando a MP tem prioridade
de votação sobre os outros projetos- passa a ser mais flexível.
Os deputados ainda precisam
analisar 12 destaques à emenda
constitucional que, se aprovados, modificarão significativamente a proposta. Além disso, a
PEC tem que voltar para o Senado depois de ser votada em
mais um turno na Câmara.
Em final de mandato, o presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (PT-SP), estava empenhado em aprovar o texto. Junto
com o presidente do Senado,
Garibaldi Alves (PMDB-RN), e
o presidente do STF (Supremo
Tribunal Federal), Gilmar
Mendes, Chinaglia tem feito
reiteradas críticas ao número
de MPs editadas pelo governo.
"O resultado mostra que
existe uma percepção generalizada da necessidade de alterar
o trâmite das MPs. Há um consenso de que elas interferem na
capacidade do Poder Legislativo de definir a sua pauta", disse.
Nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso foram editadas 365 MPs. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
editou, até o momento, 344
medidas, segundo a Secretaria
Geral da Câmara. Em março,
Lula chegou a dizer que é "é humanamente impossível governar sem medida provisória".
Quando era oposição, o PT criticava as medidas provisórias.
As MPs ganham força de lei
assim que publicadas no "Diário Oficial", antes mesmo de serem discutidas pelos congressistas. Na teoria, serviriam apenas para casos de urgência. Hoje uma MP tranca a pauta no
46º dia de tramitação, ou seja,
nenhum projeto pode ser votado antes dela.
Pela proposta aprovada ontem, uma medida provisória
passa a ser o primeiro item da
pauta no plenário no 16º dia
após a sua edição. A inversão de
pauta -ou seja, a votação de
outros projetos antes da MP-
ficaria permitida com o apoio
da maioria absoluta dos parlamentares (257 votos na Câmara e 41 no Senado).
A oposição criticou a mudança e tentará aprovar destaque
que exige apenas maioria simples para a inversão.
Apesar das críticas, PSDB e
PPS votaram pela aprovação do
texto-base. Disseram que vão
tentar fazer modificações no
texto com os destaques. O
DEM foi o único partido da
oposição a votar contra a PEC.
O prazo de 120 dias de vigência das MPs ficará mantido. Caso não seja votada pelo Congresso durante o período, a medida perderá a eficácia.
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