São Paulo, Domingo, 26 de Dezembro de 1999


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PESQUISA DATAFOLHA

Petista lidera intenções de voto, mas o percentual recua após queda na rejeição ao presidente

Lula perde com a recuperação de FHC


Folha Imagem
No sentido horário, Lula (PT), Ciro Gomes (PPS), Itamar Franco, que saiu do PMDB, e Maluf (PPB)


JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local

À leve melhora de popularidade do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) neste final de ano correspondeu uma diminuição da intenção de voto de seu principal opositor, Luiz Inácio Lula da Silva. Mesmo assim, o possível candidato presidencial do PT segue líder isolado na corrida sucessória rumo a 2002.
A mais recente pesquisa nacional Datafolha revela que o petista perdeu de quatro a cinco pontos percentuais (dependendo do cenário) entre setembro e dezembro. No mesmo período, a rejeição ao presidente Fernando Henrique Cardoso caiu de 56% para 46% da população com 16 anos ou mais de idade.

Oscilações
Na hipótese eleitoral A, Lula caiu de 29% para 24% das intenções de voto, e Ciro Gomes (PPS) passou de 19% para 17%. Mesmo com dois pontos percentuais a menos, Ciro não ficava tão próximo de Lula desde fevereiro.
Em terceiro lugar, Itamar Franco -que deixou o PMDB na semana passada- oscilou de 8% para 9%. Paulo Maluf (PPB) passou de 8% para 7%, Antonio Carlos Magalhães (PFL) foi de 7% para 6%, Anthony Garotinho (PDT) e Mário Covas foram de 4% para 5%, e Enéas (Prona) passou de 3% para 2%.
Todas as oscilações, com exceção da de Lula, ficaram dentro da margem de erro da pesquisa do Datafolha. O levantamento, feito de 13 a 15 de dezembro com 12.079 entrevistas em todo o país, tem uma margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Nenhum dos presidenciáveis potenciais se beneficiou da queda do petista. Os eleitores que ele perdeu passaram a engrossar o contingente dos sem candidato. Esse grupo que pretende anular, votar em branco ou não sabe em quem votará passou de 19% para 24% do eleitorado nacional.

Tucanos
O cenário B da sucessão presidencial tem o governador do Ceará, Tasso Jereissati (PSDB), no lugar de Covas como candidato tucano. Nessa hipótese, Lula passou de 28% para 24% das intenções de voto nos últimos três meses.
Ciro continua na segunda colocação, a sete pontos percentuais do petista, passando de 18% em setembro para 17% agora.
A seguir vêm Itamar, que foi de 9% para 10%, Maluf (permaneceu com 9%), ACM (de 8% para 7%), Garotinho (de 5% para 6%), Enéas (ficou com 3%) e Tasso (passou de 3% para 2%). O total de eleitores sem candidato oscilou de 18% para 22%.
O Datafolha pesquisou ainda um terceiro cenário, com o ministro da Saúde, José Serra, como presidenciável tucano. Ele ficou com 4% das intenções de voto -um ponto percentual a mais do que Tasso Jereissati e um a menos do que Covas.
Nessa hipótese, que foi testada pela primeira vez, Lula tem 28%, Ciro fica com 17%, Itamar recebe 10%, Maluf tem 8%, ACM e Garotinho empatam em 6%, e Enéas fica com 3%. Os sem candidato somam 22% do eleitorado.
Tecnicamente não é possível traçar uma evolução de mais longo prazo na corrida eleitoral levando em conta todos os presidenciáveis. Isso porque nenhum dos cenários pesquisados pelo Datafolha em fevereiro e em junho passados é igual às três hipóteses testadas em dezembro: alguns candidatos entraram, outros saíram.

Piora
Porém considerando-se apenas a intenção de voto de Lula, o resultado obtido pelo petista na mais recente pesquisa Datafolha é o pior do ano. Ele obteve 27% em fevereiro, 28% em junho, de 28% a 30% em setembro (conforme o cenário), e 24% em dezembro.
Ciro, por sua vez, partiu de 22% em fevereiro, foi a 16% e 17% em junho, 18% e 20% em setembro e está fechando o ano com 17%.
Seja pela mudança dos nomes no quadro de concorrentes seja pela incapacidade de agregar novos simpatizantes, o fato é que os dois principais presidenciáveis de oposição não conseguiram aproveitar o "ano terrível" de FHC para melhorar sua posição no quadro sucessório.
Entre dezembro de 1998 e dezembro de 1999 a rejeição ao governo pulou de 25% para 46%. Nenhum dos atuais presidenciáveis, porém, foi capaz de capitalizar esse aumento da insatisfação popular no primeiro ano do segundo mandato do presidente.
Com 22% a 24% dos eleitores sem candidato, um governo desgastado na opinião pública e nenhuma força de oposição com um discurso forte o suficiente para entusiasmar a maioria do eleitorado, sobram condições para haver mudanças no quadro sucessório até a eleição em 2002.


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