São Paulo, Domingo, 26 de Dezembro de 1999


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PERSONALIDADE
Presidente é enterrado no Rio de Janeiro

Figueiredo recebe honras militares

da Sucursal do Rio
e free-lance para a Folha

O presidente João Baptista Figueiredo foi enterrado ontem pela manhã no cemitério São Francisco Xavier, no Caju (zona portuária do Rio), com honras militares de chefe de Estado.
Último presidente do regime militar (1964-1985), o general Figueiredo morreu anteontem aos 81 anos. Ele sofria de insuficiência renal e cardíaca.
Nenhum integrante do alto escalão do governo compareceu ao funeral -apenas ex-ministros militares, além do deputado federal Jair Bolsonaro (PPB-RJ), que é militar, foram ao sepultamento.
O presidente Fernando Henrique Cardoso, que está no Rio para as festas de fim de ano, enviou como representante o comandante do Exército, general Gleuber Vieira.
Cerca de 500 militares das três Forças acompanharam o enterro, além de aproximadamente outras 200 pessoas, entre parentes, amigos e curiosos -a estimativa do Comando Militar do Leste é que havia cerca de mil civis.
As cerimônias fúnebres foram conduzidas pelo corpo da Cavalaria do Exército -unidade de origem de Figueiredo.
De acordo com o coronel Rui Duarte, do Centro de Comunicação Social do Comando Militar do Leste, o próprio presidente deixara essa recomendação.
O administrador do cemitério, Paulo Francisco Rodrigues, disse que a família de Figueiredo preferia uma "cerimônia simples" e que fossem suspensas as honras do funeral. O médico do presidente, Aloysio Salles, confirmou essa versão, afirmando que a viúva de Figueiredo, Dulce, gostaria de dar um caráter mais "reservado" ao sepultamento.
O coronel Rui Duarte informou que as honras militares fazem parte do protocolo governamental em funerais de ex-presidentes.
O corpo de Figueiredo foi velado no apartamento em que ele morava, em São Conrado.
Às 9h30, o caixão, coberto com a bandeira do Brasil, foi levado para o cemitério em blindado Urutu do 15º Regimento de Cavalaria Mecanizada do Exército.
O veículo percorreu cerca de 20 quilômetros e chegou ao cemitério às 10h15. Cavaleiros do regimento Andrade Neves carregaram o caixão, em meio a uma salva de palmas das pessoas presentes, para a capela B do cemitério, onde foi ornamentado.
Os cavaleiros trajavam o uniforme histórico da corporação, usado em cerimônias solenes.
O caixão deixou a capela rumo à sepultura -novamente sob aplausos- acompanhado por parentes e amigos de Figueiredo, entre eles dois dos irmãos -os generais da reserva Diogo e Euclides-, os filhos João Baptista Filho e Paulo Renato e cinco netos.
O cortejo atravessou uma ala formada por soldados das três Forças e parou para o primeiro dos ritos militares: três salvas de 21 tiros de fuzil, disparados pela Guarda de Honra Fúnebre.
Em seguida, a Banda de Clarins executou a "Marcha Fúnebre", e o caixão seguiu até a sepultura.
Figueiredo foi enterrado no jazigo da família, onde estão enterrados seus pais, Euclides e Valentina Silva de Oliveira Figueiredo.
O caixão baixou à sepultura às 11h30, sob uma salva de 21 tiros de canhão.
O major Germano Bordon Júnior, do 1º Regimento dos Dragões da Independência, deu a Dulce a bandeira que cobria o caixão, dizendo que se tratava de uma "homenagem pelos serviços (de Figueiredo) prestados à pátria". Dulce se sentiu mal ao final da cerimônia, chegou a recostar-se em uma sepultura ao lado e foi amparada por amigas.


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