São Paulo, Domingo, 26 de Dezembro de 1999


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Opinião sobre atual governo era crítica


da Sucursal do Rio

Apesar de viver praticamente recluso e distante da vida política desde o final de seu mandato, em março de 1985, o presidente João Baptista Figueiredo acompanhava os rumos do país e era um crítico ferrenho do governo Fernando Henrique Cardoso.
De acordo com seu médico, Aloysio Salles, que o acompanhava havia 20 anos, Figueiredo "não estava de acordo com uma porção de providências que o governo vem tomando".
"Ele era contra as privatizações da forma como vêm sendo feitas e achava que a taxa de câmbio tinha de ser revista", disse Salles.
Segundo o médico, Figueiredo achava que os políticos "não eram verdadeiros".
Uma das últimas manifestações públicas de Figueiredo ocorreu em setembro de 1996, quando criticou o pagamento, pelo governo federal, de indenizações às famílias dos guerrilheiros Carlos Lamarca e Carlos Marighella.

Saúde
Salles disse que as crises de saúde do presidente se agravaram nos cinco dias que antecederam sua morte, quando Figueiredo praticamente já não estava mais lúcido. "A maior parte do tempo ele estava em profusão mental e nem reconhecia as pessoas."
De acordo com Salles, apesar da insistência dos amigos, Figueiredo se recusou a registrar suas memórias. "Ele alegava que isso iria mexer com muita gente."
Um dos filhos do presidente, João Baptista Filho, afirmou que nos últimos dias Figueiredo estava "muito debilitado e assistia televisão o dia todo", apesar de problemas de visão.
Amigos e parentes se queixaram, no enterro, de que o país não reconheceu o papel de Figueiredo no processo de abertura política.
"Ele impediu que o Brasil se transformasse em uma grande Cuba e livrou muita gente do "paredón'", afirmou seu irmão Diogo Figueiredo, general da reserva.
Para o general Gleuber Vieira, comandante do Exército, ele foi "o protagonista da anistia mais ampla que aconteceu neste país".
Entre as personalidades presentes ao funeral estavam o ex-presidente da Fifa João Havelange, o ator Castrinho e o cantor Agnaldo Timóteo.


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