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Opinião sobre atual governo era crítica
da Sucursal do Rio
Apesar de viver praticamente
recluso e distante da vida política
desde o final de seu mandato, em
março de 1985, o presidente João
Baptista Figueiredo acompanhava os rumos do país e era um crítico ferrenho do governo Fernando
Henrique Cardoso.
De acordo com seu médico,
Aloysio Salles, que o acompanhava havia 20 anos, Figueiredo "não
estava de acordo com uma porção de providências que o governo vem tomando".
"Ele era contra as privatizações
da forma como vêm sendo feitas e
achava que a taxa de câmbio tinha
de ser revista", disse Salles.
Segundo o médico, Figueiredo
achava que os políticos "não eram
verdadeiros".
Uma das últimas manifestações
públicas de Figueiredo ocorreu
em setembro de 1996, quando criticou o pagamento, pelo governo
federal, de indenizações às famílias dos guerrilheiros Carlos Lamarca e Carlos Marighella.
Saúde
Salles disse que as crises de saúde do presidente se agravaram
nos cinco dias que antecederam
sua morte, quando Figueiredo
praticamente já não estava mais
lúcido. "A maior parte do tempo
ele estava em profusão mental e
nem reconhecia as pessoas."
De acordo com Salles, apesar da
insistência dos amigos, Figueiredo se recusou a registrar suas memórias. "Ele alegava que isso iria
mexer com muita gente."
Um dos filhos do presidente,
João Baptista Filho, afirmou que
nos últimos dias Figueiredo estava "muito debilitado e assistia televisão o dia todo", apesar de problemas de visão.
Amigos e parentes se queixaram, no enterro, de que o país não
reconheceu o papel de Figueiredo
no processo de abertura política.
"Ele impediu que o Brasil se
transformasse em uma grande
Cuba e livrou muita gente do "paredón'", afirmou seu irmão Diogo
Figueiredo, general da reserva.
Para o general Gleuber Vieira,
comandante do Exército, ele foi
"o protagonista da anistia mais
ampla que aconteceu neste país".
Entre as personalidades presentes ao funeral estavam o ex-presidente da Fifa João Havelange, o
ator Castrinho e o cantor Agnaldo
Timóteo.
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