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São Paulo, sexta-feira, 26 de dezembro de 2003

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Serra diz a FHC que não quer 2004

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente do PSDB, José Serra, discutiram anteontem em São Paulo o futuro dos tucanos nas eleições de 2004 e 2006. Segundo a Folha apurou, Serra disse a FHC que não pretende disputar a sucessão de Marta Suplicy (PT) em São Paulo.
Ele deseja concorrer ao governo paulista em 2006 e gostaria de ver o ex-deputado José Aníbal disputando com Marta. O governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, resiste ao nome.
Na avaliação de hoje de FHC e de Serra, o candidato do PSDB a presidente em 2006 deveria ser Alckmin. Mas ambos avaliaram como missão dificílima o PSDB derrotar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006. Os dois não têm dúvida de que Lula disputará a reeleição.
FHC e Serra não dirão publicamente, mas acham que o PSDB precisará ter um candidato que aceite um grande risco de derrota em 2006. Por isso, querem Alckmin, que não poderá disputar de novo o governo e terá de optar entre o Planalto e a única vaga paulista do Senado.
Tanto FHC como Serra se colocam fora da disputa presidencial de 2006. O ex-presidente não descarta totalmente, mas só sairia candidato numa situação em que Lula estivesse muito fraco, o que ele, hoje, avalia ser improvável.
Serra também voltaria a pensar em tentar o Palácio do Planalto pela segunda vez num quadro de extrema dificuldade para Lula. O tucano foi derrotado no segundo turno pelo petista em 2002.
Ao justificar sua intenção de não concorrer contra Marta, Serra apelou a um argumento prático: o PT está em lua-de-mel com o mercado e o empresariado nacional, principalmente o paulista, o que facilitará a arrecadação de recursos para o PT nas campanhas de 2004 e 2006.
No ano passado, na reta final da eleição, Serra enfrentou problemas de caixa numa disputa presidencial. O tucano imagina que, na hora H, Marta Suplicy terá o apoio do empresariado e poderá fazer uma campanha rica.
Nesse contexto, ele defende o lançamento de um candidato aguerrido, como Aníbal. Tucano de retórica dura, ele poderia perder a eleição, mas faria um estrago nos governos de Marta e de Lula, ao "federalizar" a eleição.
Resistente à candidatura de Aníbal, o governador Alckmin prefere lançar um secretário seu, como Saulo de Castro Abreu Filho (Segurança), Gabriel Chalita (Educação) ou Arnaldo Madeira (Casa Civil). Mas, na visão de FHC e Serra, Chalita e Madeira não teriam a agressividade necessária para enfrentar Marta, e Abreu teria um calcanhar-de-aquiles (os problemas de segurança na capital). (KENNEDY ALENCAR)

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