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BRASIL DESIGUAL
Nas regiões Norte e Nordeste, maior parte da renda da população pobre vem de programas sociais do governo
Dependência estatal é maior em Estados pobres
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
Em alguns Estados, a dependência de fontes de renda que não
o trabalho da população mais pobre chega quase ao total do rendimento, sendo o principal componente que não vem do trabalho os
programas de transferência de
renda. É o que mostra estudo do
Cebrap (Centro Brasileiro de
Análise e Planejamento) com base na Pnad (Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios).
Isso acontece principalmente
em Estados menos desenvolvidos, como Roraima, Amapá, Maranhão, Alagoas, Piauí, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Nesses, menos de um terço da renda
total dos 10% mais pobres vem do
trabalho. Em Roraima, onde o
quadro é mais acentuado, apenas
12,5% da renda da população
mais pobre vem do trabalho.
Em seguida aparecem Amapá
(20%), Maranhão (23%), Alagoas
(30,8%) e Piauí (32,6%). Em 14
Estados, a renda do trabalho representa menos da metade da
renda total dos 10% mais pobres.
No caso de Maranhão e Piauí, fica claro pelas análises do Cebrap
que a dependência de outras fontes de renda foi criada após 1995.
Há dez anos, os 10% mais pobres
do Maranhão tinham quase a totalidade (97,2%) de sua renda vinda do trabalho. Na maioria dos
Estados, ela era superior a 80%.
O alto grau de dependência de
outras fontes de renda dos pobres
de Estados menos desenvolvidos
fica evidente na comparação com
os 10% mais pobres de Estados
mais desenvolvidos. No Rio e em
São Paulo, a porcentagem de renda do trabalho entre os 10% mais
pobres é maior do que 70%.
Entre os Estados menos desenvolvidos, o quadro é ainda mais
grave, porque os mais pobres têm
rendimento total muito menor
em comparação com os mais pobres de outros Estados.
No Maranhão e Piauí, a renda
dos 10% mais pobres é a menor na
comparação com os outros Estados e não passa de R$ 17. O rendimento dos extremamente pobres
do Maranhão representa apenas
11,3% do dos extremamente pobres em São Paulo (R$ 150).
O sociólogo Álvaro Comin, autor do estudo, destaca que na
comparação entre os Estados há
uma diferença brutal na desigualdade entre os extremos de riqueza
e pobreza. No Maranhão, são necessários 120 trabalhadores no extremo mais pobre para igualar a
renda de um único do extremo
mais rico. No Piauí, essa relação é
de 113. As menores relações são
encontradas no Amazonas (19),
Santa Catarina (20), São Paulo
(28) e Rio de Janeiro (28).
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