São Paulo, terça, 27 de janeiro de 1998.



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NO AR
"Live from Brazil"

NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Enquanto estava na economia, na política, FHC até que se saiu bem, ontem ao vivo na CNN Internacional. Seu inglês é trôpego, o presidente estava particularmente tenso. Mas respondia bem.
Até que alguém inventou de perguntar sobre futebol. "Quem você pensa que vai vencer a Copa do Mundo?" foi a questão de um brasileiro, ligando da Suíça. "Certamente o Brasil", respondeu FHC, sorrindo.
Mas o âncora foi acrescentar qual seleção faria a final. FHC primeiro se calou, depois se confundiu. Afinal respondeu França, depois Uruguai, que nem vai à Copa.
E assim terminou o programa, sem graça, dizendo que não era a sua área.
Mostrou outra vez que não é um político próprio da sociedade do espetáculo.
O espetáculo ou o fetiche que oferece é a moeda, o real. Foi dele que tratou em boa parte da entrevista.
Até quando as perguntas se esforçavam em armadilhas, reagiu com o discurso afinado já de quatro anos.
"Por que não faz mais para ajudar os bancos?" foi a questão abertamente irônica de um telespectador de nome Marcelo. FHC não pestanejou e lembrou o Proer.
Outro questionou se o Brasil era o último mercado para o "filantropo George Soros". FHC riu e vendeu o peixe do grande mercado etc.
Perguntaram se o país não vai investigar os crimes políticos do regime militar e FHC tratou de lembrar que foi, ele próprio, exilado.
O presidente pode não ter dado a melhor impressão, com a tensão excessiva, mas não foi mau vendedor, papel que restou aos presidentes, na era globalizada da CNN.

O que falta a FHC é aquilo que Bill Clinton fez tão bem, ontem na mesma CNN.
Dedo indicador em riste, disse que não teve relação e que não falou para mentirem. E ponto. Aplausos.



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