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Estradas aceleraram
desflorestamento
da Redação
A floresta amazônica permaneceu praticamente intacta até a década de 60. As atividades produtivas -basicamente extrativistas-
não chegavam a afetar a mata.
O transporte dos produtos era
feito por via fluvial, o que também
contribuía para a preservação da
floresta. Naquele ano, a região só
tinha 6.000 km de estradas, dos
quais menos de 300 asfaltados.
Esse isolamento relativo resguardou a vegetação nativa. Um
levantamento do WWF (Fundo
Mundial para a Vida Selvagem),
divulgado em 97, revela que o desmatamento atingiu 41% das florestas latino-americanas, em contraste com as asiáticas (88% de desmatamento) e européias (62%).
O isolamento da Amazônia começou a ser quebrado em 1964,
com a abertura da rodovia Belém-Brasília. Com 1.900 km, a
BR-010 estimulou a expansão da
pecuária (e atividades subsidiárias) nas regiões adjacentes. De
1960 a 1970, a população na zona
de influência da estrada passou de
100 mil para 2 milhões de pessoas.
Em 1970, o governo Emílio Médici instituiu o Programa de Integração Nacional, que forneceu recursos para a abertura de 15.000
km de estradas, incluindo a Transamazônica (o primeiro trecho foi
inaugurado em 72) e da Cuiabá-Santarém (completada em 76).
O Incra tentou criar uma rede de
agrovilas ao longo dessas estradas,
mas a iniciativa não teve sucesso:
as terras não eram férteis, e o desmatamento provocou um crescimento da malária. O fracasso dos
assentamentos protegeu a floresta.
Em 1968, a construção da Cuiabá-Porto Velho (BR-364) abriu
uma nova frente de desmatamento
em Mato Grosso e Rondônia. A
descoberta de jazidas minerais
(cassiterita e ouro) na região, conjugada com a distribuição de lotes
para pequenos produtores, impulsionou a ocupação da região.
Megaprojetos
O fracasso da Transamazônica
induziu o governo a substituir a
colonização baseada na pequena
propriedade pelos megaprojetos.
O Polamazônia (Programa de
Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia), de 74, conjugava a construção de uma infra-estrutura com a concessão de subsídios para as empresas privadas.
O mais conhecido dos megaprojetos é o Grande Programa Carajás, que cobre uma superfície de
895.000 km2, mais de 10% da área
total do país. Além de assegurar o
fornecimento de energia elétrica (a
hidrelétrica de Tucuruí começou a
operar em 1984) e transporte ferroviário, o Estado também concedeu grandes incentivos fiscais.
O crédito governamental incentivou a destruição da floresta por
projetos agropecuários. Os Estados mais atingidos são Pará, Mato
Grosso e Rondônia.
A devastação foi acompanhada
pela proliferação de associações
ambientalistas no país (em geral
localizadas no Sul e Sudeste). A
primeira associação surgiu em
1971, em Porto Alegre -um ano
antes da conferência da ONU sobre meio ambiente, em Estocolmo. A maioria das associações é
criada após 1974, quando começa
o processo de "distensão".
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