São Paulo, quinta-feira, 27 de janeiro de 2005

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Decepção da esquerda é abordada por jornais

DA REDAÇÃO

Motivados pelo início do 5º Fórum Social Mundial, diversos jornais destacaram ontem, além do evento, a insatisfação de grupos historicamente ligados ao PT com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nos Estados Unidos, o "Los Angeles Times" informa logo no título: "Esquerda do Brasil não vê o presidente como o seu campeão". O francês "Le Figaro" e os britânicos "Financial Times" e "The Guardian" também rechearam suas edições de ontem com textos sobre o país.
O enviado especial a Porto Alegre do "LA Times" enfatiza a possível hostilidade com que Lula pode ser recebido hoje no FSM. Diz que, em 2003, logo após ter assumido a Presidência, Lula foi muito aplaudido no evento. Agora, segundo o jornal americano, "as vaias podem substituir os aplausos". "Ativistas de esquerda estão desapontados ou até mesmo furiosos com o homem que eles acreditaram que finalmente incluiria suas causas na agenda", afirma o texto publicado ontem.
O inglês "The Guardian" foi outro jornal que destacou a recepção que Lula deve ter na capital gaúcha, comparando com a que deve ser destinada ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez. Segundo o diário, apesar da alta popularidade de Lula, "há uma impaciência cada vez maior com a velocidade lenta das esperadas mudanças radicais". E alerta que Chávez pode ser mais bem recebido que Lula inclusive por não comparecer a Davos.
Para o "Le Figaro", Lula, um "herói" das primeiras edições do FSM, pode ficar com a imagem de "culpado" por não desprezar o Fórum Econômico Mundial e tem chance de ver o venezuelano virar "vedete" em Porto Alegre.
A ida do brasileiro à Suíça é tema da reportagem do "Financial Times" de ontem. O título: "Lula vai cortejar os altos sacerdotes do capitalismo em Davos".

Euforia e críticas
O "El Pais", o principal diário da Espanha, trouxe em sua edição de domingo um balanço das realizações da gestão petista. Segundo o texto de seu correspondente no Rio de Janeiro, Lula vive, após dois anos na Presidência, "entre extremos", comemorando os resultados na economia e ouvindo críticas dos seus "mais antigos seguidores" e "de parte considerável da esquerda brasileira".
Segundo o jornal, "aplausos discretos de grandes empresários" e "aplausos decididamente eufóricos de bancos e investidores" somam-se a "críticas contundentes de alguns movimentos sociais historicamente aliados ao PT".
O diário diz que transformações anunciadas por Lula não ocorreram, especialmente no campo.


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