São Paulo, sexta-feira, 27 de janeiro de 2006

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Lula prepara ida à TV para falar sobre o mínimo de R$ 350

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva prepara um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV para capitalizar politicamente o novo salário mínimo de R$ 350, que valerá a partir de abril. A idéia é realizá-lo em março, citando dados de geração de emprego e aumento da renda do trabalhador que possam favorecer a sua tentativa de reeleição.
Em tom de comemoração, o presidente comentou com auxiliares a notícia de que o desemprego em dezembro de 2004 atingiu a menor taxa desde 2002.
A taxa de desemprego de seis regiões metropolitanas do país recuou de 9,6% para para 8,3% em dezembro, a menor já verificada na nova Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que teve início em março de 2002. Além disso, a renda do trabalhador subiu 2% no ano passado
"Essa foi forte, hein?!", disse, ao brincar com ministros e auxiliares ontem de manhã. Lula pretende marcar uma reunião para discutir medidas que possam potencializar ainda no primeiro semestre a geração de empregos e o aumento da renda dos mais pobres.
"Vamos esquecer o Banco Central e fazer o que a gente pode fazer", disse Lula, segundo relato de auxiliares. O presidente está contrariado com o BC, que reduz os juros em ritmo mais lento do que gostaria, e pretende tentar esquentar a economia independentemente da política monetária.
Segundo o presidente, a geração de empregos será um dos dados mais relevantes para fazer comparações com o governo tucano.
Uma das principais linhas de sua provável campanha à reeleição será contrapor dados da gestão petista com números dos oito anos em que Fernando Henrique Cardoso presidiu o país.
Em solenidades oficiais e viagens pelo país, Lula pretende divulgar os dados divulgados ontem pelo IBGE sobre emprego e renda. O pronunciamento deverá ser feito para que a notícia de um mínimo de R$ 350 sirva de gancho para Lula defender seu governo no ano eleitoral.
Os pronunciamentos oficiais já foram usados por Lula como forma de defender a sua gestão e não apenas para comunicar uma decisão de governo que considerou importante. No último dia 16, por exemplo, o presidente recorreu a um discurso em rádio e TV para falar da quitação de toda a dívida do Brasil com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Lula cobra uma comunicação mais "agressiva" do próprio governo a respeito de feitos de sua administração que não são divulgados pela mídia. Assim, pretende recuperar cacife eleitoral e obter a reeleição em outubro.
No dia 16, além de dizer que o país passaria a "caminhar com suas próprias pernas" por ter zerado a dívida com o Fundo, o presidente falou de sua política social, comparando-a à de FHC, e mencionou que o reajuste de contratos de aluguel e telefone seria pequeno em 2006 (1,21%, segundo o IGP-M).

Humor presidencial
Numa fase bem-humorada, Lula tem dito a ministros que estão "meio gordinhos" na comparação com ele. O presidente conta que perdeu 11 kg nos últimos dois meses com uma dieta que praticamente elimina os carboidratos e "fechando a boca".
O peso de Lula é quase um segredo de Estado. Com menos de 1,70 m, chegou a pesar mais de 90 kg durante a crise do "mensalão" no ano passado. Agora, estaria com cerca de 80 kg. Ele diz aos interlocutores que pretende chegar a 75 kg para ficar com "corpo de toureiro espanhol".


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