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Lula prepara ida à
TV para falar sobre o
mínimo de R$ 350
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva prepara um pronunciamento em cadeia nacional de rádio e
TV para capitalizar politicamente
o novo salário mínimo de R$ 350,
que valerá a partir de abril. A idéia
é realizá-lo em março, citando dados de geração de emprego e aumento da renda do trabalhador
que possam favorecer a sua tentativa de reeleição.
Em tom de comemoração, o
presidente comentou com auxiliares a notícia de que o desemprego em dezembro de 2004 atingiu a menor taxa desde 2002.
A taxa de desemprego de seis regiões metropolitanas do país recuou de 9,6% para para 8,3% em
dezembro, a menor já verificada
na nova Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que
teve início em março de 2002.
Além disso, a renda do trabalhador subiu 2% no ano passado
"Essa foi forte, hein?!", disse, ao
brincar com ministros e auxiliares
ontem de manhã. Lula pretende
marcar uma reunião para discutir
medidas que possam potencializar ainda no primeiro semestre a
geração de empregos e o aumento
da renda dos mais pobres.
"Vamos esquecer o Banco Central e fazer o que a gente pode fazer", disse Lula, segundo relato de
auxiliares. O presidente está contrariado com o BC, que reduz os
juros em ritmo mais lento do que
gostaria, e pretende tentar esquentar a economia independentemente da política monetária.
Segundo o presidente, a geração
de empregos será um dos dados
mais relevantes para fazer comparações com o governo tucano.
Uma das principais linhas de
sua provável campanha à reeleição será contrapor dados da gestão petista com números dos oito
anos em que Fernando Henrique
Cardoso presidiu o país.
Em solenidades oficiais e viagens pelo país, Lula pretende divulgar os dados divulgados ontem pelo IBGE sobre emprego e
renda. O pronunciamento deverá
ser feito para que a notícia de um
mínimo de R$ 350 sirva de gancho para Lula defender seu governo no ano eleitoral.
Os pronunciamentos oficiais já
foram usados por Lula como forma de defender a sua gestão e não
apenas para comunicar uma decisão de governo que considerou
importante. No último dia 16, por
exemplo, o presidente recorreu a
um discurso em rádio e TV para
falar da quitação de toda a dívida
do Brasil com o FMI (Fundo Monetário Internacional).
Lula cobra uma comunicação
mais "agressiva" do próprio governo a respeito de feitos de sua
administração que não são divulgados pela mídia. Assim, pretende recuperar cacife eleitoral e obter a reeleição em outubro.
No dia 16, além de dizer que o
país passaria a "caminhar com
suas próprias pernas" por ter zerado a dívida com o Fundo, o presidente falou de sua política social, comparando-a à de FHC, e
mencionou que o reajuste de contratos de aluguel e telefone seria
pequeno em 2006 (1,21%, segundo o IGP-M).
Humor presidencial
Numa fase bem-humorada, Lula tem dito a ministros que estão
"meio gordinhos" na comparação com ele. O presidente conta
que perdeu 11 kg nos últimos dois
meses com uma dieta que praticamente elimina os carboidratos e
"fechando a boca".
O peso de Lula é quase um segredo de Estado. Com menos de
1,70 m, chegou a pesar mais de 90
kg durante a crise do "mensalão"
no ano passado. Agora, estaria
com cerca de 80 kg. Ele diz aos interlocutores que pretende chegar
a 75 kg para ficar com "corpo de
toureiro espanhol".
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