São Paulo, terça-feira, 27 de janeiro de 2009

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Secretário, Alckmin agora diz preferir acordo a prévias

Ex-governador, que travou disputa dentro do PSDB com atual governador, afirma que partido unido em SP é bom para o Brasil

Alckmin se declara a favor de um entendimento entre Serra e Aécio para decidir o nome do candidato tucano à sucessão de Lula em 2010


Eduardo Anizelli/Folha Imagem
FHC, Serra e Alckmin conversam na posse do ex-governador como secretário de Desenvolvimento

FERNANDO BARROS DE MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Em evento que reuniu tucanos que estiveram em lados opostos na eleição municipal de 2008, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), empossou ontem Geraldo Alckmin como secretário de Desenvolvimento, no lugar do vice-governador, Alberto Goldman.
O ato do governo transformou-se em um evento de "união partidária", reunindo cerca de mil pessoas.
Foram ao evento o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a maioria dos secretários estaduais e dos deputados federais tucanos eleitos por São Paulo.
Goldman voltou a chamar Kassab de "Geraldo Kassab", repetindo gafe que já cometera na eleição do ano passado. "Vocês viram que eu estava certo", disse o vice-governador depois de cometer o ato falho.
Alckmin estava sem cargo público desde que deixou o governo em 2006 e, após uma disputa interna com Serra, concorreu à Presidência. No ano passado, ele não chegou nem ao segundo turno da eleição para prefeito de São Paulo, após ter desafiado o grupo de Serra, que defendia o apoio a Kassab.
Serra e Alckmin trocaram elogios ontem. O ex-governador repetiu quatro vezes estar "sob a liderança" de Serra. "Assumo a secretaria com redobrada disposição de unir e somar e, sob o comando do governador José Serra, trabalhar com todo afinco pelo bem deste Estado e de todo o Brasil", disse Alckmin, após agradecer a Serra a "oportunidade de voltar a trabalhar por São Paulo".
"É uma honra ter o Alckmin como colaborador do governo. Alguém que foi governador, nosso candidato a presidente da República com uma votação tão elevada, vir trabalhar em uma secretaria de governo é um gesto que revela humildade e, acima de tudo, espírito público", disse Serra. "Ganhamos um quadro como talvez não tenha ninguém em São Paulo com a experiência acumulada nas questões de governo."
Ao ser questionado sobre prévias para decidir o candidato tucano à Presidência, Alckmin não reafirmou sua posição histórica favorável à prática. "Se tivermos nossos possíveis candidatos unidos, não há necessidade. Caso contrário, esse é um tema que cabe à direção partidária. Nosso presidente vai conduzir bem esse processo. É possível haver entendimento [entre Serra e Aécio]."
Em entrevista à Folha em maio do ano passado, Alckmin afirmou: "Os acordos de cúpula vão ficar no passado. Entendo que você tem várias formas de fazer uma ausculta mais ampla, a prévia é uma delas."
O governador mineiro Aécio Neves (PSDB) defende prévias e disse que não quer "rolo compressor" no partido. "Aécio é um grande governador, um dos melhores quadros do PSDB e tenho por ele grande estima e admiração. [Mas] entendo que o PSDB de São Paulo, estando ainda mais fortalecido e unido, é bom para o Brasil", disse Alckmin. Ele negou apoiar a candidatura Serra para presidente ou ser candidato a governador. "Ainda está longe."
Ontem, também se encontraram deputados que comandaram a campanha de Alckmin a prefeito e tucanos que defenderam a reeleição de Kassab.
Falando da crise internacional, Serra disse que a pasta de Alckmin deve trabalhar com Kassab e o secretário estadual do Emprego, Guilherme Afif, ambos do DEM e adversários seus em 2008. Segundo o governador, Afif, Kassab e Alckmin terão de preparar programas emergenciais de emprego.


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