São Paulo, quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

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Assessora de Dilma vai definir ações de comissão da verdade

Erenice Guerra envolveu-se nas principais crises que atingiram ministra na Casa Civil

Vannuchi e responsável por direitos humanos sob FHC também integram o grupo que detalhará proposta de funcionamento da comissão

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Principal assessora da ministra Dilma Rousseff, a secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra, foi nomeada ontem presidente do grupo de trabalho responsável por detalhar proposta de criação da polêmica comissão da verdade, que o governo deverá encaminhar ao Congresso até abril.
A portaria com os seis integrantes do grupo será publicada hoje no "Diário Oficial da União". O cientista político Paulo Sérgio Pinheiro, ex-secretário de Direitos Humanos no governo Fernando Henrique e coordenador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, representa a sociedade civil. O ministro Paulo Vannuchi será o representante da Secretaria de Direitos Humanos. Ele, como Dilma, foi preso político durante a ditadura.
Erenice esteve envolvida nas principais polêmicas que atingiram Dilma na Casa Civil. Foi a secretária quem mandou confeccionar um dossiê revelando gastos da gestão FHC.
Ela também foi citada no caso em que a ex-secretária da Receita Lina Vieira falou sobre encontro que teve com Dilma (até hoje negado pela ministra) para supostamente tratar de investigação sobre a família do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Uma servidora do fisco confirmou que Erenice agendou o encontro.
A comissão da verdade é um dos pontos mais polêmicos do 3º Programa Nacional de Direitos Humanos. Editado pelo presidente Lula em dezembro, foi pivô de uma crise militar.
O presidente da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, Marco Antônio Barbosa Rodrigues, que integra o grupo, afirmou que o "foco" da futura comissão são as violações cometidas contra vítimas da "repressão política", expressão excluída do decreto editado pelo presidente neste mês.
O grupo criado ontem tem até abril para elaborar projeto de lei que terá de passar por votações no Congresso, mas o prazo pode ser prorrogado.
Ontem à noite, antes de discursar no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, o presidente Lula recebeu cobranças sobre a investigação de crimes ocorridos na ditadura (1964-1985). Diante de ginásio com mais de 5.000 pessoas, Cândido Grzybowski, um dos organizadores, cobrou a criação da comissão da verdade para "botar às claras a memória" do país.
Lula não respondeu diretamente às críticas. Disse apenas que as divergências surgidas na Conferência Nacional de Direitos Humanos resultaram em um "caminho do meio".

Colaboraram GRACILIANO ROCHA , da Agência Folha, em Porto Alegre, e ANA FLOR , enviada especial a Porto Alegre



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